Dupla perfeita: pai e filha acompanham muito a F1
Fabiano Patricio de Lima, com 39 anos, é graduado em turismo, pai de 3 filhos, amante de corridas em geral e colecionador de miniaturas de modelos de F1.
Fabiano começou a assistir F1 em 1986 (sua primeira lembrança é o GP Brasil daquele ano com a dobradinha entre Piquet e Senna), com 5 anos e alguns meses, rs…, tendo como principal influência seu pai e seu tio que sempre assistiam aos GP´s.
Seu pai sempre foi “Sennista”, confrontando com o seu tio que tinha a torcida pelo Piquet. Ao longo dos anos seguintes, seu pai era telespectador assíduo de todos os GP´s, o que lhe despertou o interesse, através também das mídias da época (álbuns de figurinhas e afins).
Eles moravam ao lado do autódromo de Interlagos na época, e mesmo com a F1 estando no RJ durante os anos 80, o fácil acesso e o interesse “nato” fez com que ele o frequentasse de forma constante, assistindo corrida de outras categorias e desta forma, se tornando um admirador e amante de corridas em geral.
Hoje ele se orgulha em dizer que conseguiu transmitir para a sua filha, hoje com 14 anos, essa mesma paixão e gosto pelas corridas.
Fabiano nunca pensou em ser piloto. A admiração era grande, mas realmente nunca lhe despertou esse desejo. Depois de alguns anos, aí que ele teve vontade, mas já era tarde demais. Mas com bastante consciência, ele acredita que pelos valores necessários para se ter uma carreira no automobilismo, ficaria só na vontade também.
“Todos os GP´s, corridas em geral, costumam render ótimas histórias, afinal no meu caso, sempre estou com a minha filha e você conhece gente de todos os lugares possíveis, tanto do Brasil como do exterior e isso claro, gera ótimos contos” conta Fabiano.
Eles gostam muito de poder tirar fotos com os pilotos na época do GP Brasil e esses momentos geram coisas bem curiosas. Então, talvez os fatos mais marcantes para ele tenham sido dois: o dia que ele tirou foto com o seu grande ídolo: o Schumacher.
“Foi no GP Brasil de 2011, que por incrível coincidência aconteceu no dia do meu aniversário, 27/11. Tive a oportunidade de encontrá-lo no Hotel Transamérica e quando eu pedi uma foto, ele falou que só tiraria se a pessoa que fosse bater a foto o ultrapasse, fosse mais rápida que ele. Prontamente atendido, ele parou e ficou o registro e sem dúvida, um presente de aniversário inesquecível”, conta Fabiano.
O outro caso foi quando tirou sua segunda foto com o Hamilton, em 2014. Sua filha é torcedora fanática dele e ele, ainda com um título mundial na época (só seria bicampeão na corrida seguinte), autografou sua camiseta e lhe ajudou a levantá-la no colo para tirar a foto. Foi bem legal e ela guarda com enorme carinho essa foto.
Outras duas situações curiosas envolveram sua filha. Certa vez, chegando em casa após o trabalho, lhe deparou com ela, aos 11 anos, assistindo DTM alemã. Ele ficou surpreso e logo ela começou a lhe explicar quem estava ganhando e toda a dinâmica da prova.
Fato esse que se repetiu durante LeMans 2017. Fabiano estava em um treinamento profissional e ela lhe mandando exatamente como estava a classificação da corrida, obedecendo as categorias. Ele, sem saber se prestava atenção no treinamento ou nas mensagens, um colega percebeu e perguntou quem estava enviando as parciais e notícias da corrida. Quando ele falou que era sua filha de 12 anos, quase caiu para trás. E aí ele pensou: essa já virou cabeça de gasolina! Missão cumprida.
Seu ídolo na F1 é o Michael Schumacher. Desde criança, mesmo torcendo e admirando os pilotos brasileiros, ele sempre gostou e acabou se tornando um torcedor da Ferrari. E depois de ver Senna e Prost correrem, ele sempre acreditou que os recordes de vitórias e títulos jamais seriam quebrados. Schumacher os fez com grande facilidade.
Mas o que mais lhe admira nele foi justamente o desafio e a coragem que ele teve, estando em uma equipe estabilizada, que lhe rendeu dois títulos mundiais, ele encarar a missão de tirar a Ferrari de uma longa fila de títulos e insucessos na F1 em geral.
“A perseverança que ele teve, para mim, foi fundamental, porque ele sabia que não tinha o melhor carro e trabalhou arduamente durante 5 anos (superando inclusive o terrível acidente de 99 que lhe quebrou as pernas) até que conseguisse o objetivo final, que era o título mundial.
E os anos seguintes, de dezenas de glórias para a querida Ferrari consolidaram, para Fabiano, a imagem como seu ídolo na F1. Ele esteve presente na despedida de 2006 e foi com certeza um dos momentos mais emocionantes da sua vida, uma corrida estonteante realizada por ele aquele dia.
Antes de ter o Schumacher como grande ídolo e referência, o piloto que ele mais admirava era o Ayrton Senna, por ele ser brasileiro, pelas corridas épicas, por ter ajudado na volta da F1 para São Paulo. Era o piloto que seu pai mais admirava e uma grande referência para o automobilismo e o esporte nacional.
Então, por morar ao lado da pista, pôde acompanhar toda aquela euforia da era Senna, filas quilométricas de torcedores acampados para ver até mesmo os treinos de sexta. É uma coisa que ele nunca viu por nenhum outro piloto aqui em Interlagos (em 2008 foi a que chegou mais próximo com o Massa).
A quantidade de gente que vinha de vários lugares do Brasil para vê-lo era surreal. Havia uma grande devoção e confiança pelo seu desempenho e isso era de fato, contagiante para todos que estavam próximos àquilo. A maior prova do tamanho do Senna é que, 25 anos após a sua morte, ele vive intensamente através de homenagens, eventos e do próprio Instituto. Está na memória viva de todos até hoje.
Carro, carro foi a FW14B, de 1992, que corria sozinho. Mas, antes da fase híbrida, para Fabiano os outros grandes carros que ele viu correr foram a MP4/4 de 1988, que formou junto com Senna e Prost a equipe mais perfeita, competitiva e completa da história da F1. Os números dizem por si só.
“Além destes, para mim, o F2004 que deu ao Schumacher o heptacampeonato em 2004 e a RB9 que deu o tetracampeonato ao Vettel em 2013 foram os outros grandes super carros que eu vi. Para mim estes dois carros (a RB9 eu vi pessoalmente no GP Brasil) representaram para mim a harmonia perfeita entre máquina e piloto”, diz Fabiano.
A F2004 era a consolidação dos outros ótimos carros que a Ferrari já havia projetado desde 98/99 e a RB9 era uma pérola conduzida magnificamente pelo Vettel. Aliás, a imagem dele reverenciando o carro ao final do GP da Índia que lhe rendeu o título daquele ano representa exatamente este perfeito sincronismo entre máquina e piloto.
“Gostaria de fazer uma menção especial a W07, esta sim já da era híbrida, mas que era uma máquina quase perfeita. É impossível escolher um só, porque cada um deles representou uma fase de grande domínio em um determinado período da F1”, contou Fabiano.
Fabiano relata que tanto o carro quanto o piloto eram obras primas dos engenheiros conduzidos magnificamente pelos seus “donos”, cujos quais ele era fã, em especial a F2004. A impressão que ele tinha era que o carro deslizava na pista, tamanha era a harmonia que existia entre eles. Entretanto, os estudando, eram conceitos tecnológicos e aerodinâmicos magníficos que marcaram uma época.
Lewis Hamilton é o melhor piloto por ser mais completo, experiente, arrojado e que ao longo dos anos amadureceu, tendo total controle sobre a corrida, enorme afinidade com toda a equipe. Tem domínio total sobre o carro, administrando-o durante toda a corrida.
Porém, ele acha que o Max Verstappen tem um talento natural diferenciado, acima da média e logo chegará à posição de piloto mais qualificado do grid. Piloto muito agressivo, precisa ser mais constante em alguns GP´s, menos afobado, mas ainda é novo e será o melhor, em sua opinião.
Já o melhor carro na atualidade, para Fabiano, é sem dúvida a Mercedes. Pelo carro, piloto, organização da equipe. Acharam a fórmula certa e sempre estão evoluindo, em busca de algo a mais. Os alemães levam muito a sério esse lance de fazer carros (risos).
“O que eu diria para quem está chegando agora e é fã de F1 é o mesmo que eu digo para a minha filha, com 14 anos e que acompanha a F1 desde os 9: independente de termos ou não pilotos brasileiros, curta a F1, o esporte a motor em geral.
É normal que, até pela nossa filosofia, as pessoas vão falar que é o esporte é chato, sempre ganha o mesmo e essas coisas de quem não entende nada de corridas, procure estudar um pouco da F1.
Hoje tem um conteúdo riquíssimo no YouTube e no próprio canal oficial da F1, nas redes sociais, com vídeos antigos, informações históricas que vão fazer o novo fã entender que a F1 é cíclica e nem por isso nunca deixou de ser um barato e um esporte super emocionante.
E se puder, não deixe de ver uma corrida pessoalmente. As experiências ao vivo serão as que irão te fazer cada vez mais fã. A emoção dos motores, das ultrapassagens ao vivo, da paixão do público em estar ali e quem sabe, de poder ver o seu grande ídolo pessoalmente. Goste, acompanhe, aproveite, discuta com os amigos. A F1 é um esporte mundial e fazer parte de tudo isso é muito bacana”, finaliza Fabiano.
LEIA MAIS
Márcio Renzo tem uma grande admiração pelo Ayrton Senna
Ruy Petra conta como surgiu seu fascínio por todo esporte a motor