F1

Matérias sobre os 15 anos da morte de Ayrton Senna chama atenção de Felipe

Felipe Tiago de Lira Ponce, de 32 anos, é pernambucano, nascido e ainda morando  na cidade de Jaboatão Dos Guararapes. Suas memórias mais antigas sobre a F1 remontam ao ano de 1993, com alguns poucos flashes daquela temporada e sua admiração por Ayrton Senna.

Felipe começou a assistir F1 porque sua família, assim como muitas naquela época, sentava em frente à TV para acompanhar o Ayrton Senna. Em tempos sociais, econômicos e políticos tão complicados, como o daquele início da década de 90, as vitórias do Ayrton nos davam muitas alegrias e esperanças.

Por coincidência, ele nasceu no mesmo dia que Ayrton Senna (21 de março), mas no ano de seu primeiro título na F1 (1988). Quando ouvi e vi sobre o Senna, ele já era tricampeão e um enorme ídolo nacional para além do automobilismo.

“Aos 5 anos de idade assistia as corridas e brincava com o meu carrinho, simulando que era o Ayrton guiando. Também tenho recordações do fatídico 1º de Maio de 1994, era muito jovem para compreender tudo que estava acontecendo, mas sabia que era algo muito triste para o país inteiro”, conta Felipe.

“Só vim a me dedicar a conhecer mais sobre o Ayrton Senna em 2009, quando me chamou atenção uma série de matérias sobre os 15 anos da sua partida. A partir daí, comecei a querer saber mais sobre ele nas pistas e além delas, pesquisando mais reportagens, comprando livros, revendo corridas antigas”, diz Felipe.

Arquivo Pessoal de Felipe Ponce

Até que em 2011 ele assistiu ao documentário “Senna” e sua admiração pelo Ayrton ganhou contornos ainda maiores. Em 2012 ele começou a publicar em sua conta no Facebook fotos do piloto com suas mensagens. Ele queria, de alguma maneira, levar para outras pessoas a informação de que aquele grande piloto que elas conheciam, também era um grande homem e uma enorme fonte de inspiração.

Por essas suas postagens, ele acabou entrando na Torcida Ayrton Senna (TAS) em 2013, onde continua até hoje promovendo seu legado nas redes sociais. Na TAS ele teve a oportunidade de participar de elaborações de concursos culturais, conhecer muitos fãs e admiradores do Ayrton e fazer valiosas amizades.

Claro que, quando garoto, você alimenta muitas fantasias e de tanto admirar as corridas, também acabou lhe vendo no lugar dos pilotos em seus sonhos e desejos. Mas, nunca foi algo que quis (ou que pudesse) seguir seriamente ou profissionalmente, visto que é algo muito distante da realidade da maioria da população. Com isso ele acabou direcionando seus sonhos para outros tipos de corridas e disputas.

Arquivo Pessoal de Felipe Ponce

O seu grande ídolo na vida, e não só na Fórmula 1, é o Ayrton Senna. Ele consegue compreender tanto o homem Ayrton, quanto o piloto Senna. Seus feitos nas pistas, com seus recordes, suas vitórias, seus títulos e sua maneira de guiar um carro de Fórmula 1 foram excepcionais.

“Para mim, Ayrton Senna, foi o maior piloto que a F1 já teve. Mas, a sua consciência e conduta como homem e cidadão me chamam atenção ainda mais. Sou educador e sei da vital importância da educação para a nossa sociedade. Sem uma educação de qualidade não há desenvolvimento pleno, não há futuro, há apenas o aumento de todas as desigualdades (sociais, políticas, econômicas, culturais).

E o Ayrton compreendia muito bem isto, tanto que ele acreditava que se quisermos mudar algo nessa sociedade, é pelas crianças que devemos começar. Respeitando e as educando para que este mundo tenha um futuro melhor. E essa sua preocupação com o outro sempre existiu enquanto vivia e hoje pode ser vista mais claramente com as ações do Instituto Ayrton Senna”, conta Felipe.

Arquivo Pessoal de Felipe Ponce

Quando Ayrton morreu Felipe tinha apenas 6 anos e depois disso ele continuou assistindo F1 porque gostava de acompanhar, mas era de forma eventual. Só a partir da temporada de 1998, quando ele tinha 10 anos, que começou a observar com mais regularidade e desde então não parou mais.

Inclusive ele é daqueles que se levanta de madrugada para ver, por exemplo, o GP da Austrália ou da China. A F1 atual é bem distinta daquela dos anos dourados das disputas entre Senna, Prost, Piquet e Mansell. E mesmo não tendo a mesma competitividade, ainda assim, ele é um apaixonado pelas corridas.

Atualmente, e há um bom tempo também, o melhor piloto disparadamente é o Lewis Hamilton. Não só pelos números e conquistas impressionantes, mas principalmente pela maneira que guia o carro e pela sede de vencer.

Um piloto muito impetuoso e arrojado. Ele não é uma pessoa que se acomoda, que se dá por satisfeito com resultados secundários. Ele quer sempre alcançar a vitória. Não é à toa que ele tem o Ayrton como sua grande referência.

“Ayrton foi e é para mim um orgulho nacional, um modelo de caráter a ser seguido. Um homem cuja ações são exemplos de empatia, compaixão, motivação, superação e vitória.

Ele nos mostra que para sermos vitoriosos temos que nos preparar, acreditar, sermos fortes e dar o melhor naquilo que nos dedicamos. Mas, ele também nos diz que é preciso que tenhamos oportunidades para que isto se concretize.

Arquivo Pessoal de Felipe Ponce

E há duas frases dele que sintetizam muito bem o Ayrton: “Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.”; ‘(…) Devemos dar a cada um, uma chance, ao menos uma chance fundamental’ ”, diz Felipe.

As lições que a Fórmula 1 nos deixa vai muito além da mera competição entre carros de corridas. Do ponto de vista metafórico, a nossa vida é como uma prova de F1. E assim como num circuito, também tem ponto de partida e chegada e o seu traçado vai variando ao longo do percurso. E o objetivo principal continua a ser o mesmo: terminar a corrida como vencedor. Vencendo não o outro, mas a si mesmo.

As nossas próprias competições internas. E trilhar essa nossa jornada não será fácil. Teremos que saber a hora de frear e acelerar. Sofreremos desgastes, impactos e adversidades que podem nos jogar para fora das pistas, mas temos que ser fortes e resistir para não perdermos a direção das nossas mãos.

Na vida também haverá, assim como num Pit Stop, momentos em que precisaremos parar para ver o que podemos melhorar e alterar para que possamos voltar para o nosso caminho e conduzir melhor a nossa vida. O importante é continuar. Pausas são necessárias, mas não podemos ficar o tempo todo parados.

Então, o que posso dizer é que a vida exige de nós disciplina, persistência, sabedoria, cautela e também arrojo. Como bem nos lembra Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

LEIA MAIS

Márcio Renzo tem uma grande admiração pelo Ayrton Senna

A parte boa e a ruim do Ayrton Senna ser famoso

Tags
Mais

Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Botão Voltar ao topo
Fechar
Fechar