“Nada mais importa – o Avaí é série A”
Depois de um jogo emocionante contra a Ponte Preta pela última rodada da Série B, o Leão da Ilha garante o terceiro lugar e vai jogar a elite do Campeonato Brasileiro
A Série B se encerrou no último sábado (24) e confirmou o destino final das equipes que disputaram a competição. Paysandu, Sampaio Corrêa, Juventude e Boa Esporte foram rebaixados para a Série C. Já Fortaleza, Goiás, CSA e Avaí garantiram o acesso para a elite do futebol nacional de 2019 e vão estar entre os vinte maiores times do Brasil no ano que vem.
O Avaí vem vivendo com altos e baixos nos campeonatos nacionais. Ele tem alternado entre Série A e B desde 2014. Após o sexto lugar no Estadual e a queda para o Goiás na Copa do Brasil, na quarta fase, o Leão da Ilha tinha como o principal objetivo conquistar o acesso à elite do Brasileirão. Contudo, início da segunda divisão não foi dos melhores. O time catarinense perdeu para o Vila Nova por 1 x 0 fora de casa, no entanto, conseguiu manter uma sequência de seis jogos sem perder nas partidas seguintes.
Há dois meses, o ídolo Marquinhos já abordava nas coletivas de imprensa os acessos conseguidos por outros elencos formados pelo Avaí na última década:
“O de 2008, para mim, não tem comparação. Era muito diferente. Era um time bom em todos os aspectos: tático, técnico e físico. Queira ou não, o pessoal abraçou o Avaí como time do coração. É um dos melhores da histórias do Avaí. Quem trabalhou nele, quem viu os jogos, sabe que o time era diferente. Em 2014 era uma situação em que estávamos fora e o grupo acreditou até o final. A maioria dos torcedores achava que não conseguia, porque dependia de outros resultados além de ganharmos do Vasco. Mas eu dizia para o torcedor vir para a Ressacada confiante, que a gente iria conseguir. Em 2016 foi ano atípico. Falo do segundo turno, quando voltei. Quando entrei no time, estava a três pontos do rebaixamento e foi vice, com acesso esplendoroso. A equipe passava por sérios problemas financeiros. Foi quando chamei todo mundo, o presidente, e pedi para que ele falasse que não tinha dinheiro e ser transparente: se subir a gente recebe e se não todo mundo vai na Justiça. Mas aquele grupo abraçou a causa, não adianta se os jogadores não abraçarem. Mas o de 2008 era incomparável, porque sabia que iria vencer qualquer time, em casa principalmente”, falou o camisa 10 em tom de nostalgia.
TRAJETÓRIA
Colecionando cartões vermelhos, o Avaí nunca deixou de brigar pelas primeiras colocações da Série B. Ora o Leão da Ilha estava no G-4 e ora tinha que batalhar para conseguir vaga novamente. Após a chegada do experiente treinador Geninho, o Leão decolou na competição. A primeira vez em que o time figurou nas primeiras posições foi depois da vitória por 3 a 1 sobre o Paysandu na Ressacada. Foram 24 partidas dentro da zona desejada até se confirmar o objetivo.
Ao final da 38ª, rodada o Avaí totalizou 16 derrotas, 13 empates e 9 derrotas, somando 61 pontos e assegurando a terceira vaga entre os vinte adversários da competição. O time conseguiu o acesso com vitórias magras.Tirando o triunfo por 4 a 0 sobre o CRB no Estádio Rei Pelé, em Maceió, o clube catarinense não bateu nenhuma outra equipe por quatro gols ou mais, vencendo a maioria dos confrontos por um gol de diferença. O time fez 50 gols e sofreu 32. Mas isso não importa, porque como diz o ditado: de grão em grão a galinha enche o papo – e encheu.
MARQUINHOS
O meia, que havia anunciado a aposentadoria, disse adeus aos gramados no fim de 2018. O jogador de 37 anos vinha sofrendo com as recorrentes contusões e já precisou passar por vários processos médicos, incluindo seis intervenções cirúrgicas no joelho, mas isso nunca impediu o M10 de mostrar a vontade que tinha de jogar pelos Azuis e a se manter como um dos líderes dentro do grupo. Contudo, o atleta não entrou em campo na última partida da Azurra na temporada 2018 e viu o acesso e a aposentadoria chegarem do banco.
ACESSO
A emoção era tanta que não deu para conter nas arquibancadas (Foto: Marco Favero / Diário Catarinense)Em um confronto duro contra a Macaca Paulista, que também visava a subida à Série A, o Leão conseguiu segurar o empate por zero a zero na Ressacada e alcançar o objetivo que havia sido traçado. Os paulistas precisavam de uma combinação de resultados e disputavam com o Goiás a vaga no G-4, que fez o mesmo número de pontos mas era superior nos critérios de desempate.
Depois do jogo, o clima de festa invadiu o campo – literalmente. A torcida não se conteve e desceu ao gramado para festejar a conquista. Em meio a toda a euforia, o presidente Battistotti concedeu uma entrevista dizendo que talvez não permaneça no cargo. Ele foi alvo de críticas e até ameaça de alguns torcedores quando os avaianos perderam para o Fortaleza, o que o deixou desconfortável para prosseguir na diretoria.
Também ali no gramado, o zagueiro Betão aproveitou a oportunidade para parabenizar o elenco e ressaltar a força do grupo. O capitão ressaltou alguns nomes e disse que nunca faltou força de vontade para os atletas. Ele ainda revelou que estavam com salários atrasados e nem isso os fizeram deixar de honrar a camisa. Por fim, o atleta dedicou o acesso a todos os outros funcionário que também sofreram com as pendências salariais.
Nem mesmo o sol ou a chuva foram capazes de calar os 16.460 torcedores presentes no estádio. A Ressacada foi tomada por uma multidão azul e branca em questão de minutos. E, fenômenos da natureza à parte, o que prevaleceu ao time de Florianópolis foi o mérito de uma temporada regular para subir até o pelotão de cima. Mesmo com muita aflição e ansiedade, o Avaí jamais perdeu a confiança, e o no final o sofrimento foi recompensado.
Fontes: Infobola