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Thiago Godoy fez promessa diante o túmulo do Ayrton Senna

Thiago Godoy da Silva, com 36 anos, nascido em Umuarama-PR e vivendo há 25 anos em Cascavel por gostar de velocidade, adorar assistir corridas de Fórmula 1 fez uma promessa no túmulo de Ayrton Senna.

Seu pai sempre gostava de correr nas estradas e Thiago, como mesmo gosta de dizer “pirava”; gostava de viajar com ele só para ficar o instigando a correr.

Na primeira vez que ele chegou aos 200km/h foi numa viagem com seu pai e ele lembra de ficar falando: “corre pai, corre, não deixa esse passar…”.

O seu primeiro carro foi um Escort Hobby que o pai lhe deu, mas Thiago fundiu o motor. Depois ganhou um Uno Mille, porém fundiu o motor. Depois um Palio Zero Fire 16v, que também fundiu o motor. Depois uma BMW 328i 1998, mas o motor acabou fundindo também.

Essa relação com a velocidade extrema não parou somente nos carros, Thiago também já fundiu o motor de uma moto também, a Kawasaki ZX10 e quando comprou uma Harley Davidson Breakout, tiveram que trocar o motor porque iria fundir com 3.000 km. Em todos os casos os mecânicos ficaram abismados, pois motor com ele era sempre levado ao seu limite.

A necessidade de ser rápido é descrita pelo mesmo que assim relatou:

“Sou viciado em velocidade, ela cura qualquer tristeza minha, quando estava ficando depressivo por algo, eu ia para a estrada correr de madrugada. Isso foi a vida toda. Uma vez eu estava com tanta raiva que fiz Cascavel a Londrina (330km) em 2h20min as 2h da manhã. Mas isso é passado… hehe (mentira)”, conta Thiago.

Desde que era criança, Thiago viu o Ayrton Senna morrendo, sempre germinou um desejo de seguir seu legado. Sempre dizia na faculdade que era um piloto frustrado, que seu pai tinha que ter lhe dado um Kart em 94.

Por muitos anos havia em Cascavel um Kart Indoor, e ele ia lá quase todos os dias, como não havia amigos que conseguiam acompanha-lo todas as vezes, Thiago ficava lá no canto e quando surgia uma turma grande ele logo perguntava: “ohh posso entrar na bateria com vocês?”.

“Muitas vezes quando acabava os caras falavam, ah estava ali com cara de coitadinho, não anda mais com a gente, (risos)”.

O tempo passou, e em 2017 ele aprendeu a andar de moto, com o gosto que tomou pelas duas rodas, automaticamente surgiu o interesse de começar

Thiago fez uma corrida teste em maio de 2018, com pilotos amadores e iniciantes. Ele relatou que foi ao autódromo achando que era um apenas um “Track Day”, onde pagaria para andar à vontade durante um dia sem compromisso.

Todavia, na hora de se inscrever descobriu que na verdade era corrida, e embora tenha inicialmente tenha declinado, foi convencido pelos organizadores a participar.

Na hora de se inscrever foi informado que deveria escolher um número, e embora adorasse o número 28, descobriu que o mesmo não estaria mais disponível.

Então o diretor de prova chamado Orlei da Silva, jogou o número 11 e disse, “ohh cola esse na moto e vai com esse”. Na hora Thiago não curtiu muito, mas como acabou terminando a prova em 3º lugar, resolveu adotar a numeração.

Depois deste evento, o desejo de correr foi aumentando e Thiago pediu uma luz para Deus, para saber se isso era para ele ou uma loucura que poderia acabar com sua vida. Neste dia estava São Paulo e sentiu uma enorme vontade de ir no cemitério Morumbi visitar o Senna.

Quando chegou lá, veio em sua mente “queria um sinal? olhe o número da lápide do Ayrton!”, quando bateu o olho, o túmulo tinha o numero “11”. Ele começou a chorar, e ali decidiu: “vou correr”.

Sempre se sentiu meio “lar doce lar” dentro da pista. Daí foi conhecendo pilotos que lhe guiaram também, Tri Campeão Brasileiro Diego Faustino, Bicampeão Marcio Bortolini, a equipe Paulinho Superbikes (PSBK), daí tudo decolou.

@jcapretti

“Eu participo da Motovelocidade Superbikes, categoria 1000cc. Eu falo que nem fui eu quem escolhi a moto, foi ela que me escolheu. Até 2017 eu só tinha andado de moto para tirar carteira CNH com 18 anos.

E um dia chega um amigo e me apresenta a moto nova dele, uma BMW S1000, Cleberson (Maninho), e de tanto insistir dei uma volta. Ali eu falei, “preciso ter um negócio desse para mim”. E de lá pra cá é só moto na minha vida. Já tive umas 6 motos em 2 anos e meio”, diz Thiago.

Ele pretende ficar somente na motovelocidade. Sempre diz que era um apaixonado por motos e não sabia, demorando mais de 30 anos para saber que era louco por isso.

Porém, sua família não apoia até hoje. Seu pai e irmã odeiam. Sua mãe, bastante religiosa, vive rezando, sempre preocupada com seu bem-estar fazendo com que suas preces sejam sempre no sentido de sua proteção, mas também com um desejo de para ele pare de correr.

Seu casamento só se acertou depois que sua mulher compreendeu que não adianta competir. Só suas filhas adoram, mas ele não sabe se consegue vê-as correndo, pois teria medo.

Sua inspiração é Ayrton Senna. Sua ligação, como ele mesmo gosta de dizer é “muito maluca”, precisaríamos de 15 páginas, no mínimo, para explicar tamanho magnetismo.

Ele lembra quando era muito pequeno, foi na antiga loja HM (Hermes Macedo) com seu pai em Cascavel, que hoje é uma loja da Havan na avenida principal, e lá tinha um tipo de motoca em forma de carro de F1, era igual a Lotus 12 do Ayrton, e ali ele sentou e fez seu pai comprar a motoca.

“E meu pai sempre fã do Ayrton, ininterruptamente assistia a F1, e eu andando com minha Lotus 12, e as vezes ia lá na sala e falava, “pai, para quem você está torcendo?”, Seu pai falava “para o do capacete amarelo”, e Thiago falava: “olha pai, o carro dele é igual o meu”.

E o tempo foi passando, o cara do capacete amarelo foi ganhando nome, era Senna. E ali Thiago foi ficando cada vez mais fanático. As únicas vezes que assistiu ao programa Globo Rural foi porque acordava cedo para esperar a corrida começar.

Thiago lembra até hoje, terminava o programa e surgia a vinheta: “Atenção emissoras da Rede Globo para o toque de 5 segundos…” Momentos que ele nunca esquecerá; e com isso, a força do Senna sempre foi sua inspiração, na velocidade, até mesmo nos negócios, quando faliu em 2008, o que mais dava força para sair da cama era lembrar que ele nunca desistia.

Foi Senna quem o fez ser apaixonado por corridas. A motovelocidade nasceu por um acaso da vida, mas hoje Thiago corre por ele. Com a moto pintada nas cores da Williams.

A Equipe Williams foi um sonho para ele na época, ele estava muito descontente com a McLaren, então vencer na Williams foi o único sonho que ele não conseguiu realizar.

“Então, aquele dia no túmulo (de número 11), eu fiz uma promessa, que um dia venceria num campeonato nacional em Interlagos, e realizaria seu sonho, por tudo que ele representava na minha vida”, diz Thiago.

Todos andam somente acima de 250km/h. A partir do momento que se chega a uma certa velocidade, você sabe que tudo pode acontecer. É óbvio que ele tem medo de acidentes, e mesmo de possa ser fatal, mas o amor e a paixão pela velocidade são inexplicáveis, superando qualquer temor

Quando ele liga a moto, coloca sua vida nas mãos de Deus e ele decida o que fazer com esse filho rebelde que dá trabalho, mas se diverte demais, pois sabe que nem a Morte, ou Vida, nem a Altura ou Profundidade, nem Anjos ou alguma criatura, nada, absolutamente NADA PODERÁ NOS SEPARAR DO AMOR DE DEUS.

“Nunca desista dos seus sonhos, aprenda a respeitar a vontade e o tempo de Deus, e acima de tudo a sua vontade, mas fale para Deus todos os dias qual é a sua vontade, e que ele permita e ajuda alcançá-la.

E se seu coração te fala o caminho, tape os ouvidos para tudo e para todos, e corra atrás dessa voz com toda força que você tiver, com todo o amor que você sentir, acima de qualquer dor, medo, vergonha ou tristeza. Nunca pare ou canse de dar o próximo passo”, finaliza Thiago.

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