Análise: ante os uruguaios, Flamengo protagoniza outro ‘Maracanazo’
Carboneros souberam como marcar o Flamengo e saíram do Maracanã com 3 pontos
¡Maracanazo! Assim podemos definir o que foi Flamengo x Peñarol. Se eu disser que o clima era de otimismo para os anfitriões e que a vitória era dada como certa por muita gente, você pode achar que eu estou falando da final da Copa do Mundo de 1950, entre Brasil x Uruguai. Pois essa era a tônica da partida. O Flamengo, vindo de bons resultados na temporada e um título marcante contra o Vasco, enfrentava o Peñarol, que não vencia fora de casa pela Libertadores há 15 jogos.
O Maracanã estava lotado. 66.716 pessoas compareceram ao estádio para o maior público de futebol no ano. O time do Flamengo que entrou a campo estava descansado. Abel Braga voltava ao banco de reservas após estar ausente no último jogo por problemas de saúde. Era o cenário perfeito para o Flamengo chegar a terceira vitória consecutiva, fazer 9 pontos e encaminhar a classificação. Era. Porque o Rubro-negro não conseguiu confirmar a expectativa criada e num golpe de misericórdia viu 1950 se repetir e outro ‘Maracanazo’ surgir.
O Peñarol soube exatamente o que fazer para não deixar o Flamengo tomar conta do jogo. Ora se fechava com duas linhas de quatro, ora usava até mesmo cinco marcadores, fora a linha defensiva. Como um bom sul-americano, foi ‘guerrero y peleador’. Fez cera e esfriou o jogo desde o início da partida, principalmente com o goleiro Kevin Dawson. Aproveitou também os espaços deixados pelo time de Abel Braga e encaixou dois contra-ataques fulminantes. Já no fim do primeiro tempo, Diego Alves conseguiu salvar o Flamengo. Mas aos 43 minutos da segunda etapa, Viatri acertou linda cabeçada e marcou o tento vitorioso.
Há quem diga que o goleiro do time uruguaio vai poder usar o mesmo uniforme no próximo jogo, já que ele praticamente não teve trabalho ontem. O Flamengo chegou com perigo apenas no fim do primeiro tempo, após jogada ensaiada numa cobrança de falta.
O Peñarol fez história ao derrotar o Flamengo no Maracanã. É a primeira equipe que vence o Flamengo duas vezes no Maracanã em jogos de Libertadores. A outra vitória foi em 1982, contra o time de Zico e cia., que era a equipe que defendia o título, pois foram campeões em 1981.
Por falar em cobrança e falta, Abel Braga deve ser questionado pelo uso de Arrascaeta até aqui. Ou melhor, pelo não uso do uruguaio. Ninguém deve ser titular apenas por nome ou pelo preço que foi pago. Mas se ele é a maior contratação da história do futebol brasileiro, certamente não é por acaso. Jogador que mostrou ser extremamente decisivo no Cruzeiro e que também apresentou suas credenciais ao Vasco no fim de semana, o meia mais uma vez foi reserva. E mais: além do fato de ter começado no banco, o jogador ficou lá até apito final. Mesmo com o treinador do Flamengo promovendo apenas duas mudanças no decorrer da partida (Vitinho e Uribe). Certamente Arrascaeta fez falta.
Na coletiva pós-jogo, o técnico do Flamengo disse que o meia ainda não está totalmente entrosado e ainda precisa de ritmo de jogo. A pergunta que fica é: como se entrosar com os demais companheiros e ganhar ritmo se o treinador não o bota para jogar?
Pensando em Libertadores, o Flamengo volta a campo na próxima quinta-feira, contra o San José, mais uma vez no Maracanã. Vitória rubro-negra deixa o time perto da classificação. E a tendência é justamente pela vitória. Mas é Libertadores. E nesta competição não tem jogo fácil. É bom abrir os olhos, senão pode acontecer outro ‘Maracanazo’.