Opinião: Time ganha jogo; diretoria ganha campeonato
Flamengo precisou de força além das quatro linhas para vencer o Fortaleza
Que o Flamengo joga o futebol mais bonito do campeonato não é novidade. Agora vemos que o entrosamento não é só dentro de campo.
A vitória diante do Fortaleza mostrou que o Flamengo caminha, a passos largos, para a conquista do Campeonato Brasileiro pela sétima vez. Mutilado, o Rubro-Negro encarou o Leão do Pici com oito desfalques, sendo cinco deles jogadores do time titular. O padrão, é óbvio, caiu. Seja pela falta de qualidade técnica sem meio time ou pela sequência desgastante que o time enfrenta. Também pela postura do time nordestino, muito bem postado por Rogério Ceni.
Após o jogo de domingo, este que vos escreve já dizia que a vitória sobre o Athletico foi de um time campeão. Não que o Flamengo já seja campeão, mas a atitude é de tal. A vitória de ontem, mais uma vez, foi daquelas que ao final do campeonato o torcedor olha para trás e lembra com carinho. O discurso de Jorge Jesus após o jogo só corrobora o que já tinha sido dito contra o Furacão. E se o Mister disse, quem sou eu para discordar da palavra de Jesus?
O Flamengo foi valente, aguerrido e competitivo. O Flamengo foi Flamengo. A vitória foi com cara de Flamengo. Mas também uma cara nova, de 17 anos apenas. Reinier, que até semana passada pensava que hoje estaria na Granja Comary se preparando para o Mundial sub-17, estava na verdade em Fortaleza para dar a vitória ao Rubro-Negro.
O Flamengo teve coragem de bater de frente com a CBF e não cedeu o jogador. Coragem que falta a muitos outros clubes no Brasil, como o Vasco, que não deveria liberar Talles Magno. Ora, se Reinier e Talles, por mais que tenham idade de juvenis, servem ao profissional de suas equipes, eles não deveriam estar na lista de Guilherme Della Dea. A diretoria do Flamengo, juntamente com o departamento jurídico, agiu rápido e garantiu junto ao STJD que Reinier tivesse condições legais de entrar em campo.
Time ganha jogo dentro das quatro linhas. Diretoria ganha jogo fora das quatro linhas.
Que a iniciativa do Flamengo seja um marco na história do futebol brasileiro. Que outros clubes tenham a coragem de bater de frente contra o sistema e não se acovardem. E que a CBF entenda quem sem os clubes ela não é nada.
* Este texto não representa, obrigatoriamente, o ponto de vista da Rádio Opinião.