A parte boa e a ruim do Ayrton Senna ser famoso
Como é bom ser famoso e como não é bom ser famoso. Isso mesmo: existem esses dois lados. E Comandante Oliveira vai contar cada uma das opções envolvendo Ayrton Senna.
Parte ruim da fama
Uma vez eles em Bolonha, onde Senna ia correr em Monza. Lá na Itália ele não tinha folga, ficava um monte de pessoas em frente do hotel, quando os pilotos ficavam lá, o Ayrton também e Oliveira ficava sempre no mesmo hotel com ele, cada um no seu quarto e ficava junto ali se por acaso ele precisasse de ajuda.
Não tinha WhatsApp na época, era na base do bilhetinho, no telefone, quando falava, quando é que conseguia falar, enfim. Eles estava no hotel, onde Senna chegou para Oliveira e falou “eu não aguento mais comer essa comida de hotel, não posso sair daqui. Se saio do hotel vem esses paparazzi todo aqui, eu já tô cheio dessa comida de hotel. Vamos fazer o seguinte: vamos descer na garagem (e eles estavam com um carro de rua, era um Scort XR3), você vai dirigindo, eu vou abaixado e saímos”.
Na hora que eles saíram da garagem, vieram aqueles monte de paparazzi, mas olharam, só viram o Oliveira e passaram batido legal. Aí Senna foi lhe orientando, saíram um pouco da cidade, foram para um restaurante, em um lugar afastado, um lugar bonito a noite.
Chegando lá, encontrou com Maurício de Gugelmin perguntando onde sua luva. Aí eles sentaram, pediram uma salada. E o prato principal eles pediram pizza. Ele estava louco para comer uma pizza, pois no hotel não tinha.
Na hora que a pizza chegou, já tinha uns quatro, cinco pessoas. Parece que ali todo mundo liga para todo mundo. E quando um avisa: “o Ayrton está no restaurante”, chegava fãs de todo lado, e tira fotografia. Aí a pizza chegou.
Oliveira comeu a pizza, já o Ayrton não conseguiu comer, pois veio repórter, fizeram entrevista e aquela coisa toda e a comida esfriando. E no resumo da ópera, ele foi jantar no hotel, pois saíram do restaurante e voltaram para o hotel. Eles não conseguiam sair para lugar nenhum, não tem nenhum pouco de privacidade.
Parte boa da fama
Em 1990 ou 1991 eles foram para a Austrália numa corrida debaixo de chuva, porém foi aquele arraso, inclusive ele veio a bater, foi um terror, uma corrida maluca.
Depois eles decolaram para ir embora para Inglaterra, só que o avião tinha que ir e pingando, ou seja, tinha seis horas de autonomia e não dava para fazer numa tacada só. Inclusive eles chegaram lá no aeroporto e Oliveira falou que eles tinham que descansar.
Eles tinham um bom trecho aí pela frente para andar, e já que eles já estavam dia inteiro voando, tanto Oliveira quanto outros pilotos, têm que ir para o hotel descansar. Ayrton Senna falando que precisava ir embora porque tinha compromisso, e seu piloto (Oliveira) falando que não dava, pois a segurança estava em primeiro lugar.
Nisso, Ayrton quis ir para o aeroporto pegar um avião comercial para Inglaterra, onde ele tinha um compromisso. Quando os dois chegaram no aeroporto, foram até ao balcão e pediram voo para Inglaterra, a atendente falou que não tinha mais. Só daqui quinze dias.
A atendente ainda disse que estava tendo uma convenção de médicos e que lotou. E continuou falando que não tinha mais voo. Ayrton não sabia o que fazer, falando que ia ter que dormir aqui, para esperar a próxima. Aí um garoto, atendente de uma companhia aérea, olhou para ele e falou: “você não é o Ayrton Senna?” E ainda perguntou o que ele estaria fazendo ali.
Aí Ayrton Senna falou que ele estava querendo ir para Inglaterra, mas que estava tudo lotado. Com isso o atendente pediu para que ele esperasse um pouco, foi lá para dentro do balcão. Um minuto depois ele voltou e que tinha conseguido um voo dentro de meia hora, na primeira classe para Inglaterra, já despachou as bagagens e o seu piloto voltou para o hotel.
Essa é a parte boa da fama. No meio do nada, uma pessoa descobre que ele era o Senna e consegue arrumar um lugar para voar, porque todas as companhias tem um lugar mais reservado, para caso de uma pessoa VIP. Ayrton ainda falou que nunca iria esquecer esse garoto, que lhe conheceu diante milhares de pessoas embarcando ali e o ajudou. No final ele até pediu um autógrafo.
O Ayrton era tão querido pelo mundo afora que ele só tinha sossego em dois lugares: Mônaco, porque ele acabava corrida, andava duzentos metros e já estava no apartamento dele, onde Oliveira chegou a ir várias vezes e dava para ver ali a curva onde ele bateu em 1989. Ali ele podia ir tranquilo, porque ali era um local mais chique, tinha sossego, não tinha muito assédio do pessoal em cima.
E o segundo lugar era nos Estados Unidos, tinha corrida em Fênix, naquela época, em 1989 e 1990, o americano nem sabia o que era Fórmula 1, era totalmente Fórmula Indy (que dava 300 mil, 400 quatrocentas mil pessoas numa corrida Indy).
Mas Fórmula 1 ninguém ligava, ninguém estava nem aí para ter uma ideia. Um dia de Fênix, Oliveira foi na pista, porque nos outros voos ele ficava no aeroporto. Mas quando ele ficava nos treinos, ele credencial e ficava na pista, ali nos boxes, vendo o trabalho.
Oliveira achava bacana estar ali para ver o trabalho dos mecânicos, dos pilotos, acertar carro, sai caro, volta carro, mas na corrida ele ia para o aeroporto, porque ele acabava corrida o avião estava pronto, começaria embarcado, o avião prontinho, plano de voo feito, para ir embora para os lugares de origem.
Então, em Fênix, ele falou ia ficar ali, porque ninguém lhe conhecia mesmo, e lá ficava uns dois dias. Aí ele que ia no shopping center, que ia comer pizza, tomar café, enfim, virar um ser humano normal, fez as compras dele, passeou e tinha sua privacidade.
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