“A nossa garra, nossa gente, nossa história” – O Goiás de volta à Série A
A trajetória do Goiás na Série B, da zona de rebaixamento ao retorno à elite do futebol brasileiro
Depois de três anos seguidos disputando a Série B, o Goiás está de volta à primeira divisão do campeonato brasileiro. Após o pior começo da história da Série B a equipe deu uma arrancada e subiu para a Série A na quarta posição. A meta inicial da equipe em 2019 será a permanência na Série A.
E foi difícil segurar a emoção, até um policial militar de Goiás, mesmo em trabalho interagiu com os torcedores, enquanto mantinha a ordem no local.
A história – o mais fraco início de campeonato
Nas quatro primeiras partidas do campeonato, foram um empate e três derrotas, sendo a última delas para em clássico para o Vila Nova, o que resultou na queda de Hélio dos Anjos. Ney Franco, que coleciona títulos como Copa do Brasil e Copa Sul-Americana, no comando técnico de Flamengo e São Paulo, respectivamente, agora assumia o Verdão da Serra, com um único objetivo, a volta à primeira divisão.
Nas primeiras partidas do Goiás sob o comando de Ney Franco, o resultado não foi o esperado. Logo na estreia, na quinta rodada, a equipe levou uma goleada de 3 a 0 do Fortaleza, o torcedor esmeraldino ia começando a não acreditar em uma recuperação. Foram dois pontos somados em sete partidas jogadas. O Goiás conquistou sua primeira vitória na competição apenas na oitava rodada, desta vez contra o Atlético-GO, mais um clássico que foi decisivo na temporada, 3 a 1 para o Goiás, o que seria uma injeção de ânimo ao elenco e torcedores, acabou sendo frustrada, já que na partida seguinte, o Verdão da Serra. Antes do começo do clássico, o Esmeraldino era o lanterna da competição, devido à combinação de resultados.
Até mesmo a derrota na rodada seguinte não abalou o Goiás, já que uma derrota para a recém-rebaixada Ponte Preta dentro do Moisés Lucarelli, não poderia ser considerada uma derrota anormal.
A garra esmeraldina – a arrancada para a volta à Série A
Após a nona rodada, o Verdão da Serra conseguiu outra sequência de sete jogos, desta vez, foram seis vitórias e um empate. A arrancada que do Goiás ainda contou com um tropeço contra o Coritiba dentro do Estádio Olímpico, mas ao fim do primeiro turno, a equipe somava 27 pontos. Em dez rodadas o Goiás havia pulado da 19ª para a nona colocação na tabela.
Algumas partidas que podem ser destacadas na campanha é a vitória do Goiás em cima do Avaí, o Leão da Ilha, que naquela altura do campeonato era o 2° colocado, pressionou e atacou de todas as maneiras o Esmeraldino, mas Michael em um contra-ataque de muita velocidade, marcou e deu a vitória por 1 a 0 dentro da Ressacada. Ao final do primeiro turno, o Goiás somou 27 pontos, em oito vitórias, três empates e oito derrotas.
No segundo turno, o começo foi com pé direito, e dois confrontos mostrariam que eram novos, os ares respirados no Serrinha, de cara um embate com o CSA, vice-líder da competição no momento, que vivia uma invencibilidade de 10 jogos, o Goiás aplicou uma goleada de 3 a 0 e na rodada seguinte, 2 a 1 em cima do Figueirense, em Santa Catarina, e mais três pontos, desta vez a vitória colocou o Esmeraldino no G4 pela primeira vez na Série B de 2018.O reencontro com o Vila Nova na 23ª rodada pôs fim a sequência de três vitórias e tirou o Goiás da zona de classificação à Série A, mas para alívio do torcedor esmeraldino, depois da vitória sobre o Fortaleza, na rodada seguinte, o clube voltou ao G4 e não saiu mais.
Após a derrota para o Boa Esporte, que fez a Coruja sair da lanterna da competição, ainda aconteceu mais uma derrota dentro do Estádio Olímpico, o Avaí, melhor visitante da competição, com apenas cinco minutos do primeiro tempo já ganhava por 2 a 0. No segundo tempo de partida o Goiás bem que tentou, mas novamente no início o Avaí fez um gol, o terceiro do jogo, e terminou assim Avaí 3 a 0 no Goiás.
A missão do Verdão da Serra era vencer o Oeste, para se confirmar na Série A de 2019, jogando na Arena Barueri, contra o quarto pior mandante da competição, a tarefa não parecia ser tão difícil. O Oeste brigava contra o rebaixamento e uma vitória seria crucial para evitar o rebaixamento, apenas aos 19 minutos do segundo tempo que o primeiro gol saiu e foi de Mazinho para o Rubrão. Aos 31 minutos, o Goiás já havia virado a partida com dois gols de Alex Silva, um dos alvos da torcida durante a campanha e carimbou a volta para a elite do futebol brasileiro com o gol de Giovanni.
Na última partida, o Goiás voltou ao Serra Dourada com a presença de 32.036 pessoas, o seu maior público como mandante na competição, a expectativa era de festa e de vitória sobre o Brasil de Pelotas, já que vencendo se tornaria o vice-campeão, porém esqueceram de avisar ao Xavante que no primeiro lance do jogo, aos 20 segundos, fez o único gol da partida. Goiás derrotado por 1 a 0 dentro de casa. Mas nada disso importava, o Verdão da Serra já estava na Série A e tem como um de seus objetivos se manter nela.
O Goiás terminou o campeonato com 60 pontos conquistados, foram 18 vitórias, quatro empates e 14 derrotas.
A gente – os destaques do Esmeraldino
Michael – o ponta-esquerda de 22 anos, é o jogador com mais dribles entre todos os jogadores das Séries A e B, segundo dados do Footstats. É um jogador incisivo e costuma criar chances de gols, tem 15 participações diretas em gols do Goiás na competição, sete gols e oito assistências.
Giovanni – líder de assistências da competição, esta foi a temporada em que o meia mais jogou, 53 no total, a melhor temporada em sua carreira, ainda marcou cinco gols. Giovanni estava no elenco campeão Mundial de 2012 com o Corinthians.
David Duarte – zagueiro de 1,92m e 23 anos, revelado na base do Esmeraldino, David Duarte subiu para o time principal do Goiás em 2016, e até o começo desta temporada havia feito apenas 37 partidas no profissional. Apenas na Série B de 2018, David realizou 35 jogos, sendo titulares em todos eles, é o jogador que mais tempo ficou em campo, 3.123 minutos, o zagueiro não foi substituído nenhuma vez.
Lucão – vice artilheiro da Série B, o jogador com o maior número de participações diretas em gols do Goiás, 16 gols e quatro assistências.
Outros jogadores que foram bem são Ernandes, Gilberto Jr. e Léo Sena.
Ney Franco – o técnico conseguiu implantar seu estilo de jogo, mudando a mentalidade dos jogadores, além de ter tomados decisões que mudaram a estrutura do time. As entradas de Ernandes e Gilberto Jr. e bancou Felipe Gedoz no time titular. Gilberto Jr. deu mais segurança defensiva a dupla de zaga do Goiás. Ernandes assim que chegou no clube e ficou com condições de jogo, entrou na vaga de Breno, sem que Michael precisasse voltar tanto para marcar, ele ficou com mais liberdade para criar jogadas de velocidade, o lateral levou apenas um cartão amarelo em 31 partidas que jogou, sendo que não foi substituído em nenhuma delas.
Quando chegou ao Goiás um dos criticados pela torcida era Felipe Gedoz, ainda assim o técnico decidiu apostar, apesar da importância na primeira vitória do Goiás na Série B deste ano, o atacante estava fora das condições físicas ideais de jogo e não rendeu mais em nenhum momento o esperado.
Números da campanha
O Goiás, foi a quarta pior defesa da Série B, foram 50 gols sofridos que deram a equipe uma média de 1,31 gols sofridos por partida. Entretanto, o segundo melhor ataque da competição também foi do Goiás, em 38 partidas disputadas foram 54 gols marcados, média de 1,42 gols por jogo. Além de ser o terceiro melhor visitante, com 29 pontos, com nove vitórias, dois empates e oito derrotas.
O desmanche já começou!
Na próxima temporada, Ney Franco não irá comandar o Esmeraldino, o técnico não aceitou o contrato de renovação. Em entrevista à Rádio Sagres 730, Ney Franco explicou a saída do Goiás.
“Foi uma decisão difícil de ser tomada. Eu me reuni hoje com o presidente do clube, com o Túlio. Foi uma decisão tomada por conta dos meus projetos particulares. Eu preciso retornar para os Estados Unidos, tenho atividades da minha empresa com a organização da Florida Cup. Vamos levar filhos de veteranos para disputar essa competição e preciso de dois meses dentro dos Estados Unidos para resolver problemas particulares. Decisão difícil de ser tomada, mas não é um adeus, é um até breve ao Goiás. Trabalho de mão dupla, bom para os dois lados, e principalmente para mim. Para o meu currículo foi bom ter dirigido o Goiás e conseguir o objetivo maior que era colocar o clube na Série A. Tomo a decisão sem pesar, mas com a certeza que no futuro nos reencontraremos para um novo trabalho de sucesso à frente dessa agremiação.”
Veja como foram os acessos de Fortaleza, CSA e Avaí à Série A.