Futebol

Cantos racistas para Koulibaly repercutem no mundo e geram declarações polêmicas

A descriminação racial ocorrida contra o zagueiro Koulibaly desencadeou uma série de declarações positivas e negativas ao redor do mundo

Na última quarta-feira (26), Inter de Milão e Napoli se enfrentaram no Giuseppe Meazza pelo Campeonato Italiano. Os donos da casa venceram por 1 a 0 com gol de Lautaro Martínez. No entanto, esse não foi o destaque do jogo. Durante toda a partida, o zagueiro franco-senegalês Kalidou Koulibaly ouviu cantos racistas vindo direto da arquibancada. A Inter chegou a ser punida pelo ato dos torcedores mas não foi o suficiente para encerrar o episódio, pois muitos se pronunciaram sobre o assunto e geraram mais polêmica.

Por pelo menos três vezes, o sistema de som do estádio solicitou para que os torcedores parassem com os insultos. Contudo, não obtiveram sucesso. Com isso, a Inter acabou sendo punida por dois jogos com portões fechados no San Siro e um terceiro sem público na “curva norte”, setor do estádio onde ficam suas torcidas organizadas. Já o zagueiro ficará fora de duas partidas. Isso porque ele foi expulso após o segundo amarelo recebido e aplaudiu ironicamente o árbitro Paolo Mazzoleni, que não fez nada para cessar as ofensas.

O vice-Primeiro Ministro da Itália e Ministro do Interior, Matteo Salvini, não concordou com a medida e muito menos considera o fato como um caso de racismo. Ele acredita que isso seja “normal” no futebol e que a decisão tomada prejudica os torcedores inocentes. O ministro ainda sugeriu que os confrontos dos times fossem ser realizados cedo e não à noite para evitar qualquer tipo de risco.

Nos estádios também cantam ‘Milão em chamas’. Isso seria racismo? Não coloquemos tudo no mesmo saco. Bonucci (zagueiro da Juventus) foi vaiado pelos torcedores do Milan, isso também é racismo? A brincadeira saudável entre torcidas não pode ser considerada racismo. Fechar os estádios condena os verdadeiros torcedores, que devem ser distinguidos dos delinquentes. Certas partidas não podem mais ser disputadas à noite. As de maior risco devem ser jogadas à luz do sol e com helicópteros para controlar os delinquentes – declarou, ao canal local “Mediaset”.

Ministro italiano relativiza o caso ocorrido com Koulibaly com certa ironia. (Foto: Reprodução)

Em contrapartida, Koulibaly teve apoio dos colegas de trabalho em meio a todo esse acontecimento. Muitos se pronunciaram nas redes sociais sobre o assunto. Entre eles, Icardi, atacante da Internazionale, Cristiano Ronaldo, da Juventus, e Mohamed Salah, do Liverpool.

Icardi: “Estou desapontado com o que aconteceu em San Siro. É preciso acabar com o racismo e a discriminação”, escreveu o atacante.

Cristiano Ronaldo: “No mundo e no futebol, sempre quero educação e respeito. Não ao racismo e a qualquer ofensa e discriminação”, disse CR7 em uma foto publicada com o zagueiro.

Salah: “Não há espaço para o racismo no futebol, não há espaço para o racismo em lado nenhum”, declarou o egípcio.

Koulibaly recebeu apoio solidário de diversos atletas ao redor do mundo. (Foto: Divulgação)

No dia do acontecimento, Carlo Ancelotti, técnico do Napoli, relatou na entrevista coletiva que não foi ouvido após pedir para que a partida fosse interrompida. Ele ainda afirmou que, se isso ocorrer em uma nova ocasião, irá retirar os jogadores do time de campo, aconteça o que acontecer.

“Houve uma atmosfera estranha hoje, eu pedi ao árbitro três vezes para que a partida fosse suspensa, teve três anúncios no alto falante. Koulibaly estava certamente irritado. Ele normalmente é muito calmo e profissional, mas ele ouviu sons de macaco durante a partida inteira. Nós pedimos três vezes para que alguma ação fosse tomada, mas a partida continuou. Continuavam dizendo que o jogo poderia ser interrompido, mas quando? Depois de mais quatro ou cinco anúncios? Na próxima vez, talvez tenhamos que resolver com as próprias mãos e sair de campo. Eles provavelmente vão nos fazer desistir do jogo, mas estamos preparados para isso”, garantiu Ancelotti.

O ex-jogador, e agora técnico do Milan, Gattuso, também concorda com Carlo Ancelotti. Em entrevista à Gazzetta dello Sport, ele disse que também pediria para acabar com o jogo. Além disso, o treinador esclareceu que não foi a torcida toda que expressou gritos racistas. Por fim, alegou que Itália não é um país racista e que isso acontece em todos os países civilizados.

Koulibaly deu um parecer sobre o ocorrido através das redes sociais dele:

Peço desculpas pela derrota e, sobretudo, por ter deixado meus companheiros na mão. Mas tenho orgulho da cor da minha pele. De ser francês, senegalês, napolitano: homem – publicou Koulibaly.

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