A Rádio Opinião bateu um papo com Jorcey Anisio Garcia Santos, 46 anos, natural do Rio e preparador de goleiros do Botafogo. Na entrevista, Jorcey fala de objetivos, parceria com Flavio Tenius, aposentadoria de Jefferson, lesão do arqueiro, titularidade entre Jefferson e Gatito, sondagens e muitos outros pontos. Confira o papo exclusivo do preparador de goleiros com a Rádio Opinião.
Rádio Opinião: 1 – Quem é o Jorcey? O que ele gosta de fazer no dia a dia fora do clube?
Jorcey: Jorcey é um ex-atleta profissional, formado em Educação Física, pós graduado em treinamento desportivo, e com formação em gestão em futebol. Preparador de goleiros há 16 anos. Hoje em dia sou muita caseiro, gosto de estar com a minha família e minha filha.
2 – Fala um pouco do seu currículo antes de chegar ao Botafogo…
R: Sou preparador de goleiros há 16 anos, iniciei no Olaria em 2003, passei por CFZ do Rio, C.R Flamengo , Al Shabab ( Arábia Saudita), Seleção da Arábia Saudita, Avai FC, São Cristóvão, Seleção Brasileira ( Sub 15/17/18), até chegar ao Botafogo em 2014.
3 – Seus objetivos a curto prazo?
R: Ser reconhecido e valorizado pelo trabalho desenvolvido e retornar a Seleção.
4 – Pode falar um pouco da sua parceria com o Flavio Tenius? Vocês vem vivendo um ótimo momento.
R: O Flávio Tenius foi meu preparador de goleiros em 1994 no CR Flamengo, voltamos a nos encontrar em 2016 quando ele retornou ao Botafogo e estamos tendo um bom resultado com o trabalho, os goleiros tem assimilado bem a nossa linha de trabalho, somos diferentes , mas temos um pensamento parecido em relação aos goleiros, gostamos muito da parte técnica dos goleiros.
5 – Pode falar um pouco do Paulo Ruy, seu companheiro nos seus primeiros anos de profissionais na preparação do Botafogo?
Paulo Ruy é um cara que está no clube há 32 anos. Todo mundo no clube tem um carinho enorme por ele, um dos caras mais antigos no Botafogo. Em 2015, quando eu vim para o profissional com o Renê Simões, os preparadores era Eu e Ele. Nós trabalhamos juntos em 2015 e 2016. No fim de 2016, o Flavio retornou e ai ficamos nós três, até o fim de 2017, no inicio de 2018, o Paulo Ruy foi para coordenação da preparação dos goleiros da base. Paulo Ruy é um cara muito importante para o Botafogo, são 32 anos de clube, é uma pessoa que todo mundo gosta, uma pessoa que viveu a vida inteira ali dentro do clube.
6 – Como você recebeu, em um primeiro momento, a noticia da aposentadoria do Jefferson?
R: Ele me informou no início do ano passado que iria parar no final do ano, confesso que fiquei meio sem entender quando ele me falou, mas depois conversamos muito e ele expôs os motivos dele.
7 – Chegou a conversar com ele para tentar de alguma forma adiar isso?
R: Bastante, falei com ele que ele jogaria ainda em alto nível no mínimo mais uns 4 anos, sempre falava que ele devia repensar a decisão, mas ele estava bem decidido a parar.
8 – E depois, ficou estranho sem o Jefferson lá?
R: Sim, convivemos quatro anos juntos, estive presente no pior momento da carreira dele que foram as lesões, e isso nos aproximou muito, conversávamos bastante e no início foi estranho a ausência dele no dia a dia.
9 – Fala um pouco do Gatito… A que você credita essa evolução sensacional que ele teve desde que chegou ao Botafogo?
R: Gatito é um grande goleiro e um grande profissional, eu acredito que treinamento de goleiro tem que existir uma química muito boa entre os goleiros e os preparadores. Gatito tem suas qualidades e procuramos explorar da melhorar maneira possível.
10 – Você ver mais diferenças ou semelhanças entre Jefferson e Gatito? Não só em estilos de jogo, mas em personalidade também. Pode citar algumas?
R: Vejo diferenças no estilo de jogo, são dois grandes goleiros, mas com características distintas, Jefferson: muita força, muita explosão e ótima técnica. Gatito: excelente jogo com os pés e ótima técnica. Personalidade são até parecidos: ambos são mais calados no dia.
11 – Como foi trabalhar ao mesmo tempo com dois goleiros fora de série, Jefferson e Gatito ao mesmo tempo?
R: Foi fantástico, um privilégio para poucos, e sempre acabo aprendendo um pouco com todos eles, mas posso te afirmar que é motivo de orgulho e satisfação ter trabalhado com os dois.
12 – No inicio de 2018 era muito grande a expectativa por quem seria titular: Jefferson ou Gatito. Na pré temporada, Gatito se machucou e dai pra frente, uma série de coincidências, pois quando um voltava o outro se machucava. Com os dois 100%, qual era a ideia da comissão? Quem seria o titular?
Tivemos uma conversa com os dois, que os dois iriam começar o ano 100%, logo, em condições iguais. Quem desempenhasse melhor durante os treinamentos na pré temporada, iniciaria o campeonato. Mas o Gatito durante a pré temporada acabou se machucando e dai pra frente, quando um voltava, o outro se machucava. Se os dois tivessem 100% juntos, seria uma decisão bem difícil.
13 – Fala um pouco do momento complicado que Jefferson e Gatito viveram no ano passado. Como foi pra eles? Você que estava ali perto, no dia dia…
R: Foi um ano muito difícil é atípico para nós, no início do ano todos perguntavam que será o titular? Jefferson ou Gatito? e acabamos ficando sem os dois por um longo período. Foi muito difícil para ambos, Gatito foi a primeira contusão mais séria na sua carreira e ele fazia de tudo para retornar e não conseguia, foi muito difícil esse período para ele, conversamos muito nesse período. E o Jefferson acabou tendo uma contusão muito grave, que no início não tínhamos a ideia da gravidade, mas ao chegarmos ao hospital e vermos os primeiros resultados dos exames assustou muito a gravidade da lesão. Foi um ano bem pesado.
14 – Qual foi o pior e o melhor momento que você viveu no Botafogo?
R: O pior foi a lesão do Jefferson no jogo da Copa do Brasil, pois ele sentiu o braço no aquecimento antes da partida. Melhor foram vários, mas para citar um, a conquista do Carioca de 2018.
15 – Mesmo após ter sentido no aquecimento ele foi pra campo?
Ele falou que sentiu uma dor no braço quando fez uma queda, diferente das que ele sentia, pois ele já sentia dor no braço as vezes. Falou que a dor era diferente das outras vezes, mas não o limitaria de jogar.
16 – Ao que você condiciona esse sucesso que você e o Flavio vem obtendo na preparação de goleiros do Botafogo?
R: Primeiro isso é conquistado através de muito trabalho, e tem uma frase que gosto de usar que “ trabalhar da trabalho“.
17 – Flavio falou há pouco tempo que recebeu sondagens do Flamengo. Algum clube também chegou a sondar você?
R: Recebi sim algumas sondagens no meio do ano passado e no fim.
18 – Fala um pouco do seu estilo de trabalho… Você cobra muito, é mais tranquilo? Como trabalha o Jorcey?
R: Sou tranquilo, mas exijo muito no trabalho, quando entramos em campo a entrega tem que ser 100% se não for, não me deixa satisfeito, mas tenho a minha maneira de cobrar, sempre elogio em público, mas não faço cobranças em público, faço em particular, esse é o meu estilo de trabalho e acho que vem dando certo.
19 – Fala um pouco do Cavalieri… Em que estágio físico e técnico ele chega ao Botafogo?
R: Mais um grande goleiro que estou tendo o privilégio de trabalhar, recebi as melhores informações a seu respeito, chegou muito bem fisicamente, tecnicamente não, pois estava muito tempo inativo, mas vem tendo uma boa evolução. Infelizmente teve essa virose muito forte que fez se ausentar por um longo período.
20 – Como foi a experiência de trabalhar fora e se você iria de novo?
R: Foi uma experiência muita boa, uma oportunidade de aprender novas culturas, uma escola de goleiros diferente, tenho vontade de voltar sim.
LEIA MAIS