Ayrton Senna e seu carisma para Comandante Oliveira
O Ayrton era uma pessoa honesta, pessoa centrada e Oliveira era doze anos mais velho que ele. Ele nasceu em 1947 e Senna nasceu em 1960.
Ayrton conversava com Oliveira, que ele precisa fazer flexão no braço, pois estava sem musculatura. Pois lá em Angra ele via como que Senna cuidava da saúde, era corrida todo dia, flexão para todo lado, esporte é dia inteiro, lancha, barco, esqui e tudo que é tipo de esportes.
Mas o que mais impressionava Oliveira, além do carisma, pessoa que ele era como um ser humano era a dedicação. Isso que foi o diferencial dele ali num belo de um piloto, o melhor piloto do mundo, era a dedicação que ele dava, a determinação e o perfeccionismo.
Em muitas vezes Oliveira acompanhava Ayrton Senna nos treinos e já ficava com um carro alugado, porque assim que acabava, eles já iam para o hotel. Muito raramente cada um ia em um carro alugado diferente e na maioria das vezes eles iam num carro só.
“Eu me lembro que, acabava os treinos, umas cinco horas da tarde, meia hora depois já não tinha mais piloto nenhum nos boxes. Todo mundo acabava o treino, ficavam ali, davam um tempinho e os pilotos embora para o hotel, para descansar, tomar banho, jantar, e o Ayrton era o último a sair do autódromo.
Ele ficava com aqueles engenheiros, (era bonito de ver, isso que eu gostava de ver, relata Oliveira), corrida. nem gostava porque só via aerofólio, só ficava nos boxes. Eu tinha credencial só pra boxe, e pra boxe não é bom de ver corrida. Bom lugar para ver corrida é na arquibancada.
Mas Senna ficava com aqueles engenheiros, aqueles japoneses, tudo nos mínimos detalhes, e todos ali adoravam, pois ele passava todas as informações, detalhe por detalhe. E, por isso, que ele foi o que ele foi mesmo: o detalhismo, o perfeccionismo dele, era a coisa que mais me impressionava”, comenta Oliveira.
Ayrton Senna chegava para Oliveira e perguntava como estava o avião, se estava bom para voo, se estava limpo. E, não ficava somente na pergunta, mas ele passava a mão nos lugares.
E quando o voo atrasava um pouquinho, pois na Europa tinha muito tráfego e, às vezes, tinha que encaixar o avião para o voo, e mesmo assim, passava alguns minutos Senna perguntava: “Oliveira, o que exatamente está acontecendo”. E era somente pelo tráfego aéreo, esperar uns aviões pousar, para outros levantarem voo. Enfim, esse detalhismo do Ayrton, dava gosto de ver e trabalhar, para Oliveira.
Ainda falando do perfeccionismo, uma vez Senna e Oliveira estavam em Monza e a hora que Oliveira foi sair, pegou Ayrton que saiu dos boxes (já quase de noite), o piloto que resolveu ir dirigindo.
Oliveira achou estranho, pois ele nunca dirigiu, mas ao invés de sair para o portão, ele pegou um portão que dava para a pista, até veio um guarda e falou que não podia entrar. Quando viu era o Ayrton ele deixou.
Oliveira virou e falou: “Olha como eu sou privilegiado”, pois Senna pegou aquele carro, se não engano: um Astra ou um Scort colocou naquela pista e não foi a 200 por hora não. Ele foi há 100, 110, e Oliveira do lado curtindo. Ele fazendo todas as tangências, cantando todas as marchas, de todas velocidades, em todas as curvas na reta.
Ayrton explicava tudo detalhado e mostrava ao Oliveira: aqui nessa curva faz de terceira há 150 por hora, reduz para 80, acelera para 250, e isso tudo há 100 por hora. Em uma determinada parte, se não engano na curva de Lesmo, ele parou, desceu do carro, não falou nada, foi lá no cantinho da pista, olhou, olhou, aí entrou, voltou, entrou no carro e veio a curiosidade em perguntar o que ele foi olhar.
Senna falou viu que tinha um buraco, não muito grande, quase um pouco maior do que um ovo, mas um buraco comum, assim na pista que não era nem lugar que o carro dele passava. não era tangência, não é nada, mas olha a memória do cara, o perfeccionismo, o detalhe da coisa.
Mas o porém dessa história é que ele foi lá na pista e lembrou que no ano anterior não tinha aquele buraco. Na hora que Senna falou isso, Oliveira simplesmente disse: “não é atoa que o cara é bom, quem é que vai se importar com um buraco que nem faz parte da corrida?”.
Com isso Oliveira foi, voltou, deu uma volta completa em Monza, Santuário do automobilismo, também viu a corrida que Senna ganhou, naquela McLaren do Ron Dennis, em 1990 em Monza. E essa McLaren que está no Instituto Ayrton Senna, Oliveira viu correndo e inclusive nesse dia estava o Fângio.
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