Marcelo Inácio, preparador de goleiros do Botafogo, que esse ano completa oito anos no Glorioso, falou com exclusividade para a Rádio Opinião. Dentre os assuntos abordados, Marcelo, falou das experiências que viveu em 2019, com a equipe profissional, sobre suas expectativas para 2020, referências na profissão e seus objetivos de carreira; confira.
Rádio Opinião: 1 – Fala um pouco de quem é o Marcelo. Conta um pouco da sua trajetória profissional, seu currículo...
Marcelo Inácio: Meu nome é Marcelo Inácio. Tenho 43 anos. Fui goleiro de futsal durante seis anos. Em 2006, me formei em educação física e trabalho há mais de 20 anos com a preparação de goleiros. Iniciei minha trajetória profissional no Olaria, onde fiquei por cinco anos. Logo depois, tive uma passagem de 8 anos pelo Fluminense e esse ano completo 8 temporadas pelo Botafogo.
2 – Fala um pouco de como foi seu 2019 esportivamente e como está seus planos para 2020…
Marcelo Inácio: O meu ano de 2019 foi bastante enriquecedor como profissional. Além de participar de um grande número de jogos em competições nacionais pelo Sub-20 do Botafogo, também tive a felicidade de atuar junto com o Flavio Tênius em treinos e jogos da equipe profissional. Então, creio que foi um ano positivo e de muito aprendizado. Estou motivado e vou trabalhar para que a temporada de 2020 seja ainda mais valiosa.
3 – O Botafogo passa por mudanças em todos os aspectos e em muitos setores. Acha que isso pode te impactar de alguma forma, negativamente ou positivamente falando?
Marcelo Inácio: Eu creio que não é o momento de pensar nisso. Acho que é o momento de todos aqui se unirem e darem o máximo pelo clube. O Botafogo vive um momento histórico e eu torço muito para que tudo ocorra da forma mais correta possível. Sou muito feliz aqui e quero o Botafogo ainda mais forte.
4 – Comparando os últimos 4 anos de base, talvez esse tenha sido o pior ano do Botafogo. O que você acha que aconteceu para que isso acontecesse?
Marcelo Inácio: Não acredito que foi o pior ano da base. Não tenho essa certeza porque, mesmo com as dificuldades vividas pelo clube, a base conseguiu colocar muitos atletas na equipe de cima e outros acabaram saindo para ajudar o clube financeiramente. Infelizmente, os títulos não vieram, mas fico feliz por ter participado da formação de atletas que foram importantes para o clube durante o ano. Acredito que a base cumpriu bem o seu papel.
5 – E as expectativas dessa equipe para 2020?
R: Estamos com uma equipe mais jovem, que sofreu uma reformulação grande depois das promoções ao profissional. Mas o trabalho do professor Marcos Soares, junto conosco da comissão técnica, tem sido muito positivo. Estamos bem confiantes e a expectativa é de continuar formando bons cidadãos e fornecendo atletas de qualidade para o Botafogo.
6 – Fala um pouco da safra de goleiros da base que está por vir. Inclusive o Andrew, foi convocado esse ano…
R: Temos uma safra muito boa de goleiros para vir. O Andrew, que hoje é titular do Sub-20 e foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-18 no ano passado, tem uma boa parte técnica. O clube tem uma expectativa muito grande que ele possa chegar ao profissional. Temos também o Cesar e o Gabriel que são mais novos e também possuem muito potencial. Sabemos que a posição de goleiro é um pouco mais complicada, a equipe principal dificilmente absorve todos, pois a concorrência é muito grande.
7 – Vimos quem em 2019, você esteve por diversas vezes na equipe profissional. Como foi trabalhar com nomes de peso, como Gatito e Cavalieri?
R: Sem dúvidas, foram momentos de bastante alegria. Ter a oportunidade de trabalhar com dois goleiros referências como o Gatito e o Cavalieri e com dois jovens que passaram por mim na base, o Saulo e o Diego, foi gratificante demais. Agradeço muito ao Flavio Tênius e ao Botafogo pela chance de viver essa experiência.
8 – Flavio Tênius é uma referência para muitos na área. Como é trabalhar com um profissional desse nível?
R: Trabalhar com pessoas do nível do Flávio Tênius engrandecem a nossa rotina e deixam o trabalho mais fácil. Com certeza, o tempo que passei com ele na equipe principal me tornou um profissional um ainda mais completo. Fico feliz por estar tendo essa chance.
9 – Falando em referência, você tem alguma na profissão?
R: Tenho duas. O próprio Flavio Tênius e o Taffarel, os dois são minhas inspirações na preparação de goleiros.
10 – Já vimos em diversas situações preparadores de goleiros terem que assumir o comando técnico, interinamente. Passa pela sua cabeça desempenhar alguma outra área dentro do clube?
R: No esporte, sobretudo no futebol, não podemos fechar portas porque não sabemos das situações que vão se apresentar no futuro, mas no momento não penso em desempenhar outra função. Gosto muito de estar em campo e trabalhando com os goleiros.
11 – Como é medido, sem ser pela idade, o momento que um goleiro sobe para a equipe profissional? Os preparadores tem participação nessa decisão?
R: A subida de um goleiro pode ocorrer por necessidade em algumas situações, mas normalmente ocorre muito mais pela qualidade técnica do atleta. Cada um deles tem um tempo de maturação e isso é sempre respeitado. Temos reuniões entre os profissionais da preparação de goleiros para tomar essas decisões. O trabalho é sempre alinhado e bem integrado.
12 – Não é comum também troca de titularidade de goleiros no meio da temporada, mas quando acontece, vocês também são consultados?
R: Sim, também são decisões que são tomadas em conjunto. A comissão técnica se reúne e decide o que é melhor para a equipe de acordo com as situações apresentadas naquele momento.
13 – Propostas para trabalhar em outros clubes? Já teve? Tem?
R: Já tive, mas sou muito feliz aqui dentro. São oito anos no Botafogo, tenho um trabalho consolidado e confiança para desempenhar o que eu acredito. Tenho o sonho de seguir crescendo no clube e um dia, quando for o momento certo, chegar de vez ao profissional.
14 – Conte-nos um dia marcante, tanto positivamente, quanto negativamente que você teve na profissão?
R: Positivamente: Foi o dia da minha estreia no profissional. Foi no jogo contra a Chapecoense, no Estádio Nilton Santos. Realmente foi uma situação bem marcante para mim.
Negativamente: O vice-campeonato na Copa do Brasil Sub-17 em 2015. Era um título importante para a gente, mas que escapou por detalhes.