Ruy Petra conta como surgiu seu fascínio por todo esporte a motor
Ruy Petra, de 37 anos, nascido em Santos/SP mas vivendo na Comunidade do Marco Divisório, entre os Municípios de Águas da Prata e Poços de Caldas, na exata divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais e ama tudo que envolve motor.
Ruy começou a assistir F1 desde que se entende por gente, ele é fascinado por tudo que tem motor de combustão interna e rodas (carros, ônibus, trens, aviões…). Acompanhando seu pai no sofá da sala, começou a assistir as transmissões no final dos anos 80.
Ele se lembra particularmente do GP de San Marino de 1989; claro que o primeiro piloto que adentrou seu imaginário de seis anos foi um que ele chamava de “Bégui”. Mas o DNA de um “Cabeça de Petróleo” estava em si desde as suas origens.
“Eu era uma criança que se sentia atraído por tudo que dissesse respeito a carro e fascinado pela sua história. Vivia perguntando ao meu pai coisas que ele tinha visto pela televisão no tempo do Emerson. Havia um documentário que passava na TV Cultura, chamado ”A História do Automóvel” e eu detestava perder um episódio”, diz Ruy.
Naqueles tempos ele passava a maior parte de suas horas preenchendo folhas e mais folhas de papel com desenhos de perfis de carros, até mesmo alguns que ele próprio inventava. Chegou a batizar uma marca: Petra Motors… E também teve uma empresa de ônibus, a FRANAZA (união dos nomes de seus pais, Francisco e Nazareth), coisas de criança.
“Um dia meu pai me trouxe um Almanaque do Carro do Pato Donald, ele tinha achado em algum lugar e estava em frangalhos, mas eu devorei cheio de fascínio aquele livro velho. Foi ali a primeira vez que vi um F1 antigo – a Ferrari de Niki Lauda de 1974. Achei lindo”, diz Ruy.
Ayrton Senna já era um grande piloto quando Ruy foi se entender por gente. Quando venceu seu primeiro campeonato (em 1988) Ruy tinha cinco anos. Nessa época tinha uns caminhõezinhos Kenworth de brinquedo, da saudosa marca REI, que ele queria colecionar.
O primeiro que Ruy escolheu era vermelho e branco com o patrocínio da Marlboro e ele escolheu porque seu pai lhe disse que ‘era aquele caminhão que carregava o carro do Ayrton Senna’. Mas por incrível que pareça ele não chegou a acompanhar de perto a carreira do Ayrton, pois nos domingos de manhã geralmente ele gostava de apostar corridas de bicicleta com os seus vizinhos.
Mas estava diante da TV no eletrizante GP do Brasil de 1991 e também no GP de Mônaco de 1992. Ayrton sempre foi, para Ruy, o mais perto que teve de ter um ídolo. Coincidentemente, o ano de 1994 marca o começo de sua aventura cultural pela história do automobilismo.
Com o entusiasmo gerado pela ida de Ayrton Senna para a Williams, muitas publicações eram geradas e Ruy começou a juntar sua mesada para comprar revistas. O que aconteceu no dia 1º de Maio daquele ano, alavancou de vez seu fascínio, pois ele acha que, como criança (ele tinha 11 anos) precisava entender porque esse esporte é tão importante a ponto de alguém tão importante dar a vida por ele. Assim ele foi mergulhando na História do Automobilismo.
Ruy chegou a pensar sim em correr. Ele acha que competir guiando um carro é tudo de bom, potencializar a força do ser humano acoplando-o a uma máquina veloz, buscar o limite, dialogar com o carro através das mãos e pés. Foi Graham Hill quem disse “Meu carro é meu pincel e a tela é pista.” É simplesmente fascinante ser piloto.
“Cheguei a escrever uma carta para aquele programa ‘Portas da Esperança’ do Silvio Santos, pedindo um kart e um patrocínio… minha carta nunca foi lida… Mas Deus sabe o que faz. Anos mais tarde cheguei a fazer um Curso Técnico em Mecânica de dois anos e estagiei na área, sonhando, quem sabe, poder chegar à F1 pela porta dos fundos. Só que a vida realmente tomou um rumo diverso”, diz Ruy.
Hoje Ruy mata essa vontade correndo em simuladores, aqui no conforto do seu quarto. E por aqui já dá para ver o quanto é difícil ser um bom piloto. Por essas e outras ele acha ridículo quem desmerece pilotos de F1 nas redes sociais, coisa que, infelizmente, se vê muito por aí.
Ruy ainda sonha poder assistir uma corrida de F1. Ele está conversando com seu amigo Kaue Nascimento para que os dois possam curtir juntos um momento assim. O mais próximo que Ruy chegou de uma prova automobilística foi assistir a uma corrida de Kart na antiga estrutura do Emissário na Praia do José Menino em Santos, em 2004.
Ruy não sabe se tem ídolos. Ele acredita que essa palavra carrega uma conotação exagerada no que diz respeito à admiração que um ser humano pode nutrir por outro. Mas ele tem modelos-referenciais, sem dúvida.
Ele gosta de citar sempre como modelo o grande piloto argentino Fangio, cujo lema era ‘Ser sempre o melhor sem jamais pensar que é o melhor’. E o escocês Jim Clark, que ficou conhecido pela perfeição de estilo ao volante, além de ser sempre um cara muito humilde.
Dois excelentes exemplos de cavalheirismo, mostra que para ser um grande esportista você não precisa necessariamente ser sujo. Ayrton Senna ele também colocaria entre os meus referenciais, por sua determinação e coragem. Ele foi, sem dúvida, um grande homem.
Ruy acha uma grande bobagem essa mania do brasileiro de dizer que a Formula 1 morreu com Ayrton Senna. Ele acha que isso é um fator preponderante para a ausência de brasileiros no grid do Mundial hoje em dia, pois já que outro Ayrton Senna jamais vai surgir, os investidores pararam de investir e agora as pessoas que sofrem com essa falta de pilotos.
“Eu sempre assisti Formula 1 pelo amor à Formula 1, pela beleza dos carros, pela audácia dos pilotos, pelas ultrapassagens, as corridas e as vitórias emocionantes. Ayrton Senna partiu e vê-lo não só foi bom enquanto durou como ainda é bom; eu sempre me emociono assistindo suas corridas.
Mas tanto quanto não é razoável pensar que a vida parou de vez por causa da morte de um ente querido, existe (muita) Formula 1 depois de Senna. Acho fantástico o que fizeram os brasileiros depois de 1994. E torço muito pela volta dos brasileiros à elite do automobilismo”, diz Ruy.
O melhor piloto hoje em dia para Ruy, sem dúvida, é Lewis Hamilton e a quantidade de vitórias que ele tem conseguido é prova cabal disso. As pessoas costumam desmerecê-lo por que ele está sempre no melhor carro.
Mas desde que a F1 existe isso acontece. O melhor carro é sempre para o melhor piloto e vice-versa. Às vezes acontece de algum piloto mais ‘fora da curva’ conseguir o campeonato não tendo o melhor carro, mas isso é oposto à regra. Sempre foi e sempre será.
“A Formula 1 é a pura ciência dos detalhes, é ter sensibilidade de perceber que os maiores sucessos dependem da união perfeita, infalível entre as milhares de peças, por menores que elas sejam. E atentar pra isso, pôr em prática, faz de você um super-homem.
Assim é na vida: muitas vezes, deixamos de alcançar um objetivo por desatenção às particularidades. Grandes sanais são dados o tempo todo. Aprenda a ser sensível a isso e certamente você estará maximizando as suas possibilidades de chegar onde quer chegar e ir além, se o seu objetivo é ser um vencedor na vida”, finaliza Ruy.
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