Conheça a história de Marco com automobilismo
Marco Antônio de Faria Costa, de 51 anos, nascido Ipameri/GO e hoje morando em Brasília desde os seus 3 anos de idade começou a ouvir falar em Fórmula 1 quando ainda era muito jovem, por conta das conquistas do Emerson Fittipaldi.
Mas não tinha ideia de como as coisas eram. Marco sabia que ele era piloto de carros de corrida e que havia sido o primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial.
Por volta dos 5 ou 6 anos, ele teve até um Pé-na-Tábua, da Estrela, que era igualzinho ao lindo carro da Lotus preto e dourado que ele pilotava, mundo a fora.
E tinha o famoso Autorama Fittipaldi, que era o sonho de consumo de muitos garotos daquela época, além de outras celebridades entre os brinquedos, como o Fitti-show, com o qual ele brincava sempre que ia à casa de seus primos em Goiânia.
Mas nada disso lhe atraia como telespectador das corridas. Ele se recorda bem de quando um tio seu veio aqui em Brasília, com alguns amigos, para a inauguração do Autódromo Internacional, em 1974, com uma corrida extracalendário, vencida pelo Emerson.
“Mas assistir mesmo, eu só comecei quando um tal Nelson Piquet, aqui de Brasília, começou a correr na F1. Era um assunto que estava em todas as rodinhas de moleques daquela época, aqui no DF – era natural que todos nós quiséssemos acompanhar.
Na realidade, só vim acompanhar mesmo, a partir da temporada de 1980, através das transmissões da Rede Bandeirantes de TV que, pela primeira vez, iria transmitir todo o campeonato, com provas ao vivo. Devo ter assistido umas dez corridas neste ano, incluindo a primeira vitória do Nelson, nos Estados Unidos”, conta Marco.
Marco nunca pensou em correr, pois esse era um mundo muito distante da sua realidade; e sua prioridade sempre foram os estudos. Quando ele morou no Guará, havia o kartódromo e, eventualmente, ele ia lá ver o pessoal correr.
Não tinha kart in-door e nem kart para alugar naquela época – e se houvesse, ele não iria ter dinheiro para isso. Depois se mudou para a Quadra 104 Norte, muito próxima ao Autódromo, e ele escutava tudo que acontecia por lá.
Aquele barulho enorme dos carros rasgando a Reta de Chegada e a Reta do Colégio Militar. Numa quadra um pouco acima da sua, fica a sede da equipe do Amyr Nasr, onde ele preparava os carros da Fórmula 3, e as pessoas sempre paravam para olhar o trabalho dos mecânicos e os bólidos que ficam, muitas vezes, expostos do lado de fora da garagem.
Marco acompanhou muitas corridas, de tudo quanto é categoria no autódromo. Eventualmente, vislumbrava como deveria ser gostoso pilotar um carro daqueles etc.
Certa vez, um colega seu lhe chamou para ir ao autódromo, à noite, dizendo que um dos portões ficava sempre aberto. Eles chegaram lá e, incrivelmente, estava realmente apenas encostado. Eles entraram com os seus carros e deram uma volta completa no circuito, deixando o mesmo logo em seguida, já vendo as lanternas dos seguranças a lhes procurarem.
“Isso foi o mais perto que cheguei de pilotar. Andei de Kart com os amigos algumas vezes, mas nada muito usual. Depois pude dar voltas no autódromo, como passageiro, em uma Ferrari de rua, pilotada pelo Antônio Jorge Neto. Mas, ao volante mesmo, nunca tive a oportunidade” diz Marco.
A aventura da primeira vez assistindo uma prova em Interlagos, por tudo que aconteceu naquele final de semana e pelas sensações diferentes as quais Marco foi submetido.
Quem nunca foi, não vai saber, de verdade, do que falará. Infelizmente, ele não teve o prazer de ver, nem Senna e nem Piquet, correndo ao vivo aqui em terras tupiniquins.
Sua primeira vez foi no GP do Brasil em 2003. Ele trabalhava num grupo de concessionárias, aqui no DF, e um dos fornecedores de lubrificantes, patrocinador e parceiro da Ferrari, costumava levar os melhores clientes para assistir aos GPs, como premiação pelo desempenho.
Marco e o titular da concessionária foram os premiados da vez. Ele nunca tinha ido a uma prova de F1, mas já tinha acompanhado vários tipos de provas aqui em Brasília; porém F1 era realmente a primeira vez.
Eles chegando ao autódromo para acompanhar os treinos de sábado, eles ficaram ali junto ao “S do Senna”. A primeira sensação diferente ocorreu mesmo antes de enxergar a pista – aquele cheiro de borracha, inconfundível, exalado pelos pneus dos carros, que freavam muito forte no final da reta dos boxes – ele nunca vai se esquecer dele.
Iniciados os treinos, a primeira impressão que Marco teve foi do quão diferente eram os barulhos dos motores, ao vivo, quando comparados com o que escutamos nas transmissões de TV – nas reduções, para tomada do “S do Senna” os barulhos predominantes do escapamento, faziam parecer que iria “moer” tudo dentro do motor.
Na aproximação, antes da freada, aquele zunido das caixas de câmbio, contrastava com o som maravilhoso do escapamento, depois que o carro passava em aceleração plena. Outra coisa que ele notou era o tanto de cores dos carros, muito mais vivas do que víamos nas transmissões. O azul das Williams era o que mais parecia diferente.
“Naquela época não tínhamos a facilidade de hoje, ao acompanhar tudo de um celular. Então, alguns monitores, que haviam nas pilastras da arquibancada, eram de extrema valência – acho que o pessoal das arquibancadas abertas ficavam voando demais, sem a TV para acompanhar o que estava acontecendo, fato que eu mesmo comprovei quando voltei lá, em anos seguintes.
Voltamos para o Hotel e, no Domingo, começou a saga para chegada ao Autódromo. O ônibus saiu de Guarulhos e demorou umas duas horas para chegar à beira da represa de Guarapiranga, nos bolsões onde teve que estacionar. Subimos mais de 1 km, a pé, até chegar nos portões de Interlagos. E a fila? Enorme! Entramos por volta das 10:30h da manhã.
Salvo engano, a corrida começava 2h da tarde naquela época. Nesse intervalo, alguns VIPs rodando na pista, com seus carros esportivos de luxo e uma prova do campeonato brasileiro de Fórmula Renault, para entreter os espectadores.
Chegando próximo às 14h, o céu escureceu e caiu água com vontade. Mesmo na arquibancada coberta e com as capas de plástico que nos foram fornecidas, me recordo do meu tênis ficar absolutamente encharcado”, conta Marco.
Com Barrichello na pole, a largada teve que ser com Safety Car. Ele foi ultrapassado pelo Coulthard quando o carro de segurança abandonou a pista, bem em frente ao ponto onde Marco se encontrava.
A corrida continuou e eles ficaram assistindo, de camarote, os carros concorrentes se empilharem na caixa de brita da “Curva do Sol”. Barrichello, para o delírio da arquibancada, retomou a liderança da prova, mas logo teve que abandonar.
Já perto do fim, houve duas batidas muito fortes na Subida do Café e a prova foi interrompida, vencendo o Fisichella. Para o espanto deles, no lugar mais alto do pódio subiu o Raikkonen, que havia cruzado em primeiro, na volta anterior. Depois a FIA reviu a prova e concluiu que, no momento da sua paralização, o Fisichella já havia cruzado a linha de chegada e lhe deu o troféu de vencedor, no GP seguinte, em San Marino.
Depois que acabou a corrida eles foram embora direto para o Aeroporto de Congonhas, inimaginavelmente, lotado. O voo atrasou e, por mais 15 minutos, eles não teriam decolado, visto que o Aeroporto fecha à meia-noite. Foi cansativo; mas a experiência foi fantástica.
LEIA MAIS
Pai colocou seu filho para assistir F1 e virar fã de Ayrton Senna
Ayrton Senna conquistou a família de Leonardo Lima por causa de seu talento
Pai coloca nome do filho de Ayrton em homenagem ao piloto brasileiro Ayrton Senna