As aventuras de Thierry para ficar perto de Ayrton Senna
Thierry Boa Morte, com 44 anos, nascido em São Paulo e morando em Santo André começou a assistir F1 em 1984 (com 8 anos), e foi exatamente quando o Ayrton Senna iniciou, e ali iniciou a paixão.
Foi uma influência de seu pai (Enock), sempre assistia e falava sempre do Nelson Piquet e exaltava o Emerson Fittipaldi, mas o que realmente lhe marcou, foi o talento daquele rapaz franzino e talentoso guiando o seu carro de F1, com isso ele não parou mais.
“Eu, quando criança, não pensava em correr, pois tinha o futebol como sonho em ser jogador, tanto que conseguir esse feito, fui jogar bola na Alemanha, Suíça e depois Itália. Mas sempre acompanhando a Formula 1 pela TV, jornais e revistas da época.
“Tive várias experiências, mas as 2 que mais me marcaram foram:
Eu fui office- boy na VARIG, e por minha sorte e paixão, o SENNA trouxe a AUDI IMPORT, para o Brasil, ao qual ele foi sócio nesse projeto, inclusive, contrato assinado entre ele e a AUDI, para esse projeto foi em nov/ 1993.
E a festa de inauguração foi em Março de 1994, justamente em SÃO PAULO e no Aeroporto de Congonhas, no Hangar 3 e aonde era o Departamento do Faturamento, aonde eu trabalhava. Bom, para eu conseguir participar dessa festa, foi muito barra, mais valeu a pena.
Todos os funcionários sabiam que eu acompanhava muito a F1, porém assim como eu, todos imaginavam que seria impossível alguém participar desse evento, pois naquela época, recebíamos muitos memorandos interno, que teríamos que no dia, deixarmos o nosso departamento as 17:00, ao invés do horário correto que fazíamos (que era até ás 17:30)”, diz Thierry.
No dia do evento, Thierry saiu por último do departamento e foi direto para o banheiro coletivo, porém ele subiu pelo sótão do telhado e se escondeu lá. Ele lembra que a festa iniciaria às 20 horas e ele com seu relógio de pulso, marcou em ficar escondido até não ouvir mais barulhos, e seu limite era até as 19 horas.
Até que ele desceu do sótão, todo sujo de pó e suado, pois estava escuro e sem ventilação, e muito menos, qualquer tipo de iluminação (Comenta: “Que saudades nos dias de hoje, temos as lanternas do celular e aquela época nãoooo”).
Acabou que deu certo, ele desceu, se limpou e se juntou aos convidados. ele estava boquiaberto que a cada passo que ele dava, ele via as modelos da época, principalmente, aqueles que ele acompanhava nas aberturas do Fantástico e também aqueles que ele acompanhava pela revista PLAYBOY, da época.
Bom, o artista que apresentou essa festa foi o Jô Soares, ele realmente conduziu aquela festa muito bem, chamou primeiro o irmão do Senna (o Leonardo Senna) e depois os gestores da Audi e, quando de repente, chamaram o Ayrton Senna, ele pegou um corredor, e a luz apagou do ambiente e ficou só a iluminação nele, e ao lado dele a sua namorada, Adriane Galisteu. Para Thierry foi uma emoção surreal, ver seu ídolo tão perto.
Ele falou sobre a experiência em trazer a Audi para o Brasil e o quanto ele estava feliz por esse feito. Depois de toda a apresentação dele sobre o evento, ele anunciou o início da festa. Quando ele saiu do palco, tinham muitas pessoas, fãs e imprensa e Thierry no meio do pessoal, até que ele chegou nele e na Adriane Galisteu e pegou o autógrafo deles.
E no outro dia, a repercussão na Varig, que ele tinha conseguido ficar e prestigiar a festa ficou conhecendo por toda a Varig e não só pelo o pessoal de Congonhas e sim, por todas as filias de Sampa. Falavam, olha o doido que ficou na festa do Senna, o Thierry Senna (risos).
A outra experiência foi, depois daquele fatídico acidente, o caixão com o corpo do Ayrton Senna veio para o Brasil, e veio de VARIG, e por ele trabalhar lá no Aeroporto, ele tinha acesso aos lugares meio que estratégicos.
Até que o caixão dele foi liberado do aeroporto de Congonhas para ir até a Assembleia Legislativa do Ibirapuera, e o caixão foi no caminhão de Bombeiros, e ele acompanhando tudo isso de perto. Quando subiram o caixão, e o motorista entrou, ligou o carro e partiu, ele subiu em cima do caminhão e ficou ao lado dos bombeiros.
Eles tentaram lhe tirar, mas se eles parassem o caminhão naquele momento, seria pior, porque tinham muitos fãs, com isso, ele acabou indo até a Assembleia em cima do caminhão.
Esse feito quase lhe custou o seu emprego na Varig, porque usavam uniforme da empresa e tinha a identificação na roupa. Quando Thierry voltou da Assembleia, ele estava todo suado e muito triste pela morte do Senna, a secretária do seu chefe lhe chamou, e assim, entraram na sala do seu chefe, e ali, ele já pensou que seria mandado embora.
Thierry chegou a pensar: o que seria mais triste do que a morte do Ayrton Senna, para ele??? Ele já estava esperando, aí seu chefe na época, chamado ULYSSES BORGES CUNHA, com uma voz serena, lhe perguntou: “e ai garoto, muito triste pelo seu ídolo Senna?”
Thierry cabisbaixo, respondeu: “muito! Eu quero pedir desculpas, mas não quero que vocês me isentem de minhas responsabilidades, sei que eu errei, mas eu só queria me despedir dele, não roubei e nem prejudiquei ninguém, além de mim mesmo. Mas, pelo Senna eu faria tudo de novo”.
A secretária olhou para Thierry, e ele olhou para ela, e aquela voz serena, soou de novo: “garoto, admiro essa sua coragem, você é um campeão, igual ao seu ídolo, quero que saiba que eu queria estar lá também e chorando igual você. Porém, eu sou gestor de mais de 90 pessoas aqui no nosso departamento, e se eu estivesse lá, os outros 90, iriam pra lá também.
Quero que saiba, que você nos representou, e você não vai ser mandado embora, porque você assumiu, e eu, dou crédito para a pessoa que sabe que errou e assume, e você é assim”.
Ai ele acrescentou: “guarda essa frase para você que eu aprendi com o meu avô, (eu prefiro trabalhar com pessoas que eu tenho que segurar, do que pessoas que eu tenho que empurrar) e você é assim garoto. Agora vamos trabalhar”.
Thierry chorava de alegria pelo emprego e de tristeza de lembrar do Ayrton Senna naquele caixão. Depois disso ele aprendeu muito, pois teve bons mentores em sua vida, seus pais, o Ulysses e o seu único e eterno ídolo Senna.
Depois da ida do Senna, ele continua assistindo todos os GPs pela TV, e teve o privilégio de assistir alguns GPs fora do Brasil, como por exemplo, Mônaco, México, Bélgica e Alemanha.
Seu ídolo é Ayrton Senna porque ele lhe ensinou a nunca desistir e que não importasse as circunstâncias, e hoje ele é grato a esses ensinamentos e garra.
Os carros que ele tem em sua memória e nunca que vai esquecer, Toleman, Lotus e claro a McLaren. O carro MP-4, esse último, trouxe uma nova condução para F1, dos últimos 25 anos, o mundo lembra desse carro e do capacete amarelo, levando o hino do Brasil, sempre no lugar mais alto dos pódios do mundo.
Para Thierry foi um casamento perfeito entre McLaren x Senna orquestrado pelo Ron Dennis, sensacional: a Partners.
“Hamilton, com certeza, habilidoso e um piloto que se aproxima muito da condução em como pilotar um carro com agressividade e arrojo, e não podia ser diferente, pois quem é o ídolo dele? Claro o Senna, aí o sucesso é certo”, diz Thierry.
Em relação ao carro, Mercedes Benz é o melhor hoje porque eles consideram o TEAM, como o mais importante e não somente o piloto, por isso, 6 títulos consecutivos e longe dessa hegemonia acabar, com essa mentalidade.
“A F1 nos ensina muitas coisas entre uma delas: no que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, a dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz. (By Ayrton Senna)”, finaliza Thierry.
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