Marco Costa é fã de Ayrton Senna desde Fórmula 3 inglesa
Marco Costa tem como ídolo o piloto brasileiro Ayrton Senna. Para ele é difícil falar do ídolo sem exagerar na paixão, mas o sentimento começou logo quando ele surgiu no cenário mundial, ganhando nove corridas em sequência, na Fórmula 3 inglesa, em 1983.
Depois disso a imprensa local passou a usar um trocadilho, com seu sobrenome, para exaltar sua predominância em um dos maiores templos do automobilismo: “Silvastone”.
Marco se recorda da Rede Globo transmitir a corrida seguinte da F3 inglesa, na qual, em caso de vitória, ele conquistaria, antecipadamente, o título, mas deu Martin Brundle, adiando a decisão. Logo depois, acabou vencendo a corrida que precisava e levantou o troféu de campeão, que lhe valeu o direito de testar em várias equipes de F1.
“Logo nos primeiros testes, Ayrton empolgou a todos. Há quem o desmereça pelo teste na Brabham, onde o Nelson fez um tempo muito melhor que o dele – queriam o que? Todos estavam comparando o então bicampeão mundial, no seu carro, com seus acertos e um novato, que praticamente não havia pilotado um F1”, diz Marco.
O fato é que havia algo de novo no ar, algo apaixonante. E isso aflorou, de uma forma espetacular, naquele inesquecível GP de Mônaco, em 1984. Nascia ali, um novo ídolo. Todos sabiam que, assim que lhe dessem um carro melhor teria um novo astro. E ele não decepcionou.
Já na Lotus, impressionava a todos, pela capacidade de pilotar, no limite, aquele “canhão” que desgarrava até nas retas. Infelizmente, o carro não tinha todas as qualidades de uma F1 campeão.
“E aquele negócio de carregar a bandeira do Brasil no cockpit, a cada vitória, nos enchia de orgulho, de um sentimento de que, independente das dificuldades que o país passava, todos poderiam sim, ser os melhores. Aí veio a McLaren, os títulos mundiais e, o resto, é história”, conta Marco emocionado.
Marco sempre admirou muito o Nelson Piquet, talvez por ter sido o piloto que lhe fez começar a acompanhar a F1 e por ser aqui do DF, embora ele não tinha nascido em Brasília, da mesma forma que Marco.
“Eu via aquele Brabham BT49c nos duelos épicos com as Williams e Renault’s, levando vantagem, com incrível técnica e precisão na pilotagem, e aquilo me deixava extasiado. Ainda hoje, o BT49c, na versão sem as asas dianteiras, é, na minha mente, o carro de F1 mais icônico de todos os tempos, aquele que marcou o início desta paixão.
O Nelson, independente de seu lado controverso, polêmico, irreverente, ainda é, na minha opinião, o mais completo piloto de F1 que eu já vi; piloto de uma época que, além de saber pilotar, conhecer o equipamento e seus acertos, faziam toda a diferença. E o Nelsão soube muito bem usar isto a seu favor.
A gente sabe que existe uma rixa, principalmente nas mídias sociais, entre os que gostam dele e os que preferem o Senna, de forma que parece absurdamente inconcebível para alguns que, quem seja fã de um não possa gostar também do outro – que coisa mais descabida! Para mim, o Nelson foi um piloto genial, fora de série – meu primeiro ídolo no esporte”, desabafa Marco.
A McLaren MP4/4, de 1988, sem dúvidas foi uma das melhores para Marco. Extremamente dominante na temporada, só não venceu todos os 16 GPs daquele ano porque o francês Schlesser, retardatário, tomando volta, bateu no carro do Ayrton, tirando-o da prova de Monza, na Itália. Carro bem construído e com motor Honda bastante potente e confiável, combinação perfeita.
O carro, como eu disse, era bem construído e tinha o possante e confiável motor Honda V6 Turbo. Mas contar com dois dos maiores pilotos em atividade na época, também ajudou muito a garantir a supremacia do carro. Ayrton ganhou 8 provas contra 7 de Alain Prost.
Só não fizeram a Pole Position no GP da Inglaterra. Então, Marco acredita que tenha sido o resultado de um casamento dos sonhos entre melhor máquina e melhores pilotos.
Para Marco, o melhor piloto na atualidade é o Lewis Hamilton. Quando o Schumacher conquistou todos os seus 7 títulos, não havia em sua cabeça a possibilidade de que outro piloto viesse a igualar este feito, até de superar essa marca.
Beneficiado por ter começado cedo na F1, o piloto ganhou maturidade para pilotar e fazer as escolhas das equipes para qual trabalhar, afinal de contas, já ficou claro que ninguém ganha campeonato sem um bom carro.
Marco o achava um pouco afobado no início da carreira, mas demonstrou uma grande evolução, se tornando um piloto rápido e consciente das estratégias para vencer os GPs. E, de bônus, vem a simpatia conquistada de todos que vivem no circo atual da F1.
Se forem levadas em conta as últimas temporadas, Marco acredita que seja a Mercedes. Mas, na temporada atual, a Red Bull mostrou uma grande evolução e, neste exato momento, encontra-se um passo à frente da Mercedes, o que pode ser notado pelo resultado nos treinos de classificação, e nas últimas provas, pela supremacia do Verstappen sobre o Hamilton.
“Os tempos mudaram, os carros não são os mesmos, as regras são outras; os ídolos também. Há quem diga que ficou melhor; outros não tem mais tanto interesse. Mas a paixão pela velocidade, essa continua tão viva quanto antes.
Não deixem de alimentar os seus sonhos e cultivar sua alma. Um dia, quem sabe, poderemos estar aqui, escrevendo sobre algum de vocês e revivendo uma época de ouro do nosso automobilismo. Um grande abraço e fiquem todos com Deus”, finaliza Marco.
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