“Quando Flamengo te chama, você não pode dizer não”, Domènec Torrent é apresentado como novo técnico Rubro-Negro
O técnico catalão que chegou ao Rio de Janeiro ainda pela manhã, foi apresentado no Ninho do Urubu nesta tarde e concedeu entrevista coletiva.
Na tarde desta segunda-feira(03), o novo técnico do Flamengo foi apresentado no Ninho do Urubu. Domènec Torrent, conheceu o CT, posou com a camisa rubro-negra em punhos e respondeu perguntas de jornalistas e sócio-torcedores. O catalão que desembarcou no Rio de Janeiro ainda nesta manhã e foi recebido por alguns torcedores no Galeão, não economizou elogios ao novo clube, disse estar muito feliz em fazer parte da nação, que ele e equipe técnica estão no Brasil: “para que o Flamengo seja vencedor por muitos anos”. Dome comandará atividade no CT ainda nesta tarde.
Torrent iniciou agradecendo a Carlos Leite, Marcos Braz e Bruno Spindel, que afirmou serem pessoas que foram muito importante para sua vinda. E Pep Guardiola, dizendo que os dez anos de trabalho juntos, foi muito importante: “Todo mundo sabe que quando se está com o melhor do mundo, se aprende muito”. Depois completou sobre o que disse o ex-companheiro de trabalho sobre o Flamengo: “Quando Guardiola soube do interesse do Flamengo no meu trabalho, só me disse: “não deixar passar”. Se tiver confiança, é um dos maiores clubes do mundo. Foi algo que me incentivou muito.”
O novo técnico do Flamengo, se disse feliz em fazer parte desta grande nação, se referindo a torcida rubro-negra. E falou sobre a visão que se tem do clube na Europa:
“Na Europa, quando se fala de Flamengo, todo mundo sabe que é um dos grandes clubes do mundo. Para mim é um prazer fazer parte desde grande clube. Espero seguir ganhando, sei que é muito importante para clubes como: Flamengo, Barcelona… Clubes top. Me sinto feliz por fazer parte desse momento”.
Dome que chega com três auxiliares: o assistente de campo Jordi Guerrón, o analista de desempenho Jordi Gris e o preparador físico Julián Jimenez, revelou que tinha várias ofertas na Europa e América. Mas que pessoas de confiança na América do Sul falaram do possível interesse do Flamengo. E que ele disse: “para tudo”:
“Quando Flamengo te chama, você não pode dizer não. Eu não sei se o Brasil sabe o respeito que o Flamengo tem fora da América. É muito respeitado na Europa. Quando se fala na Espanha de clubes brasileiros, o primeiro que se tem à cabeça é o Flamengo”.
O catalão ainda falou sobre a vontade de permanecer por muitos anos no clube rubro-negro:
“Gostaria de ficar por muitos anos aqui no Rio com o Flamengo, isso quer dizer que quero ganhar títulos para o clube, que os dirigentes estejam felizes, os torcedores muito contentes, e eu também. Não estou aqui para ficar um, dois anos com sucesso e sair. Hoje, quando estou feliz num lugar, quero ficar dois, três, quatro anos, que quer dizer que ganhamos.”
Toda a apresentação foi transmitida pela FlaTv.
Confira outras respostas de Dome:
Jorge Jesus
– Eu respeito muito a Jorge Jesus, ganhou tudo com o Flamengo. Nós temos nosso próprio estilo, pouco a pouco vamos implementar, vamos mudar pouco a pouco, porque tem que respeitar o trabalho do Jorge e dos jogadores, foi um projeto ganhador. Aos poucos colocamos o nosso próprio, muito similar ao Jesus, ofensivo, mas com pequenas diferenças. Tem que se respeitar quando um treinador é jogador, conheço Jesus quando trabalhava no Benfica e Sporting, parece um grande técnico. Queremos continuar ganhando títulos, com nosso próprio estilo.
– Não tenho contato com ex-treinador, mas com todos do Flamengo que estão agora trabalhando. Vi muitos jogos do Flamengo, tenho claro como jogava Jesus e como eu quero jogar. O mais difícil quando você é vencedor é ser vencedor novamente. Estamos aqui para que o Flamengo seja vencedor por muitos anos. O mais importante é um projeto ganhador que dure muito tempo no Flamengo.
Final da Libertadores 2019
– Eu vi a Libertadores, o jogo contra o Liverpool (no Mundial). Sempre interessado em grandes jogos. A final foi emocionante, muito bonita pelo Flamengo ter ganhado para a torcida. Nos últimos meses, as últimas partidas que vi contra o Fluminense, com Jesus como treinador. Sobretudo as partidas mais importantes, contra Liverpool e River, não só eu, mas muitos na Espanha assistiram
Estilo de Jogo
– Todos sabem que tenho uma filosofia muito similar ao treinador que estava trabalhando. Gosto do jogo ofensivo, prefiro ganhar de 4 a 3 do que 1 a 0. É importante para o Flamengo ganhar, ganhar e ganhar, mas para mim também importante como ganhar, não só ganhar. Na minha cabeça é importante para a torcida ser feliz. Um futebol ofensivo, bonito e ganhador. Essa é minha filosofia, por isso sou técnico. Muito ofensivo, ter a bola e ser protagonista. É o que tem que fazer quando se está num grande clube.
– Nós precisamos de tempo, cada treinador precisa de tempo. Para mim estilo não é formação no campo, 4-4-2, 4-3-3… Estilo é se quer jogar com a bola, se é ofensivo, se é ganhador no campo. Creio que seja impossível estar no Flamengo e não ser ganhador, porque isso está na alma, no sangue, não? Vamos colocar o que somos, mas temos que respeitar muito o trabalho que foi feito com os jogadores, é importante mudar pouco a pouco. Não chegar como um elefante entrando num lugar pequeno e estragar tudo, porque o trabalho do Jesus foi fantástico. Temos que aproveitar esse trabalho e melhorar um pouco com nossas próprias ideias, por isso estamos aqui. Se formos capazes de aproveitar o bom trabalho de Jesus e o bom trabalho nosso vamos fazer o melhor Flamengo.
– Só é possível estar num grande clube como o Flamengo se você é capaz de vencer. É o principal. Já disse que é vencer, mas como vencer. Quero que o Flamengo tenha um estilo próprio.
Rafinha
Rafinha é muito generoso. Foi muito importante no Bayern de Munique e no Schalke, muito importante na Bundesliga, no futebol alemão. Fazem quatro anos que não falo com ele, mas profissionalmente tenho muito respeito, porque o que demonstrou na Alemanha é que é um ganhador. Uma pessoa muito importante, muito respeitada na Europa. Estou ansioso para poder trabalhar novamente com ele”
Agenda de jogos
– Somos capazes 100% (de enfrentar as competições). Quando trabalhei com Barcelona, Bayern e Manchester City foi a mesma coisa. Jogamos cada semana três jogos, o mesmo que vai acontecer com o Flamengo. Estou acostumado a jogar partidas a cada dois, três dias. O mais importante são as primeiras semanas, minha comissão observar como estão os jogadores. Nos últimos dez anos da minha vida tive jogos a cada dois, três dias. Não vim aqui de férias, e gostaria, porque é muito bonito. Vim trabalhar muito duro com minha comissão, que aproveito a agradecê-los por terem me acompanhado nessa viagem tão bonita ao Brasil. Espero que daqui muitos anos, quando Flamengo estiver contente comigo, possa estar aqui de férias. Mas agora de férias não há nada.
Elenco
– Minha obrigação é tentar falar com cada jogador. Acredito nesse ideia. Acho muito importante, um jogador só não ganha uma partida, talvez Messi ou esses jogadores extraterrestres. É muito importante formar uma grande equipe, que cada jogador saiba que saiba que se não colocarem sua qualidade ao serviço do clube é impossível, não serve para nada. Um dos trabalhos é convencer os jogadores que têm qualidade individual de que podem melhor e que é impossível que façam os gols se o seu companheiro não ajudar.
– Ultimamente tem jogado no 4-4-2 com jogadores muito importantes no ataque. Bruno Henrique, Gabigol, Ribeiro, Arrasca… Dois meias de muita qualidade, todos têm. Me chamou muita atenção que Jesus, quando perdia a bola, tentava recuperar rápido. Isso é muito importante para nós, porque queremos ser agressivos quando sem a bola. Não gosto de jogar sem a bola, talvez Jesus deu um passo a mais no futebol brasileiro de jogar mais agressivo, pressionando alto. Foi uma das coisas que gostei nessa equipe, muito compacta e vencedora. Jogou duas finais contra River e Liverpool sempre num nível muito alto. Temos que aproveitar o grande trabalho do Jesus, implementar outras coisas.
Treinadores estrangeiros
– Sei que não é fácil para outras pessoas entenderem quando técnicos estrangeiros trabalham em outro país. Eu respeito muito os técnicos brasileiros, há grandes aqui. Acredito que o técnico europeu pode acrescentar coisas diferentes, viemos para somar ao grande clube que é o Flamengo. Creio que o treinador brasileiro é muito respeitado fora daqui, me lembro do Felipão, do Luxemburgo no Real Madrid, que fizeram grandes trabalhos. Não é uma questão sobre técnico estrangeiro ou brasileiro, todo técnico tem suas próprias ideias. Na Europa se joga mais rápido que aqui. Acredito que o brasileiro é muito respeitado em todo mundo. O projeto do Jorge Jesus foi ganhador, isso abre portas. Estamos muito feliz de estar aqui. Todo técnico tem suas ideias, temos que respeitar muito os técnicos brasileiros.
Futebol Europeu e brasileiro
– No futebol europeu se joga mais rápido que no Brasil. No Brasil é muito técnico. Ultimamente acredito que tenha mudado, muito estádios estão melhores, o que é muito importante para o espetáculo. A grande diferença pode ser a velocidade, o ritmo de treinamento forte, mas o jogador brasileiro está acostumado a jogar assim. No Barcelo vimos jogadores brasileiros, em Bayern, Rafinha e Dante, no City, Fernandinho, Gabriel Jesus… São capazes. Muitos pensam que o jogador brasileiro toca muito a bola, gosta de jogar mais lento. Eu não concordo. Acho que o jogador brasileiro pode jogar de qualquer maneira porque tem muita qualidade. No Brasil você pode jogar rápido como na Europa, é minha ideia. Rápido quer dizer se pode jogar a dois toques, não jogar a três, se pode jogar com três toques, não jogar com quatro. Dar velocidade sendo muito ofensivo.
– A grande diferença, com certeza, se perguntar a técnicos europeus, dirão a velocidade do jogo. Não dos jogadores, mas de toques rápidos, de atacar mais rápido. Ultimamente na Europa estão pressionando rapidamente quando se perde a bola.
Reforços
– Tenho que falar com os dirigentes, com gente importante do clube. O treinador não decide, mas sim os dirigentes do Flamengo. Quando eles falarem comigo sobre contratações, posso ajudá-los. Quando me disserem novos nomes serão bem-vindos aqui. Mas não é fácil aumentar a qualidade dessa equipes, tem grandes atletas, mas os grandes clubes têm que estar abertos ao mercado do futebol no mundo.
– Flamengo pode usar meus conhecimentos sobre o futebol europeu. Eu li uma entrevista de Pablo Marí que falava muito bem do Flamengo, o que é normal, todo mundo fala bem desse clube. Eu posso ajudar o clube em conhecimento, eu e minha equipe técnica, sobre o futebol europeu, não só do Manchester City. Muitos jogadores me ligaram, interessados no que fazia se tivesse oportunidade, é um clube muito grande. Tem um perfeito scout, time de analistas. Os mais importantes no clube são os dirigentes, sempre que eu tiver algum conhecimento que possa ajudar estarei com presidente, com o Marcos (Braz), com o Bruno (Spindel), mas podemos trazer conhecimento sobre jogadores europeus, porque são muitos anos trabalhando com isso
Experiência
– Experiência é muito importante para qualquer técnico. Quando chegamos ao Bayern eles tinham ganhado tudo, aqui ganharam Libertadores, Brasileirão. Quando isso acontece quer dizer algo muito importante, os jogadores são muito inteligentes e não têm problema para mudar um pouco o estilo, pois são muito profissionais. A primeira coisa que querem é voltar a ganhar. Estamos aqui para convencê-los que o mais importante é estar 100%, é voltar a ganhar quando já ganhou. Temos experiência sobre como trabalhar com esses jogadores.
Pressão
– Normalmente em todos os países acontece o mesmo. Quando se ganha você tem o apoio da torcida, quando não, você tem o outro lado dos torcedores, dos jornalistas. Todos querem ganhar, todas as equipes que trabalhei antes teve pressão. Barcelona, especialmente no Bayern de Munique, Manchester City em alguns momentos… Sabemos como funciona o futebol, não no Brasil, não no Flamengo, mas em toda parte do mundo. Quando ganha é bem visto, quando não ganha todos têm dúvidas. Isso é normal. É muito difícil melhor a equipe, mas acredito que se possa fazer. Conhecemos o futebol, não tem problema”.